Grandes marcas internacionais pararam encomendas na Ásia
Seria um efeito colateral da pandemia, mais ou menos esperado. As grandes marcas internacionais de vestuário estão a cancelar as encomendas nos países asiáticos. Com o encerramento das lojas e o confinamento da população, as marcas deixaram de ter forma de escoar os produtos e não o estão a importar. Os trabalhadores destas fábricas, maioritariamente localizadas na Ásia, e que se dedicam a produzir para cadeias como C&QA, Zara, H&M, Primark, entre outras, estão em risco de miséria.
No Bangladesh, por exemplo, o maior fornecedor desse tipo de produtos a seguir à China, as encomendas canceladas ou suspensas já ultrapassam os 3,4 mil milhões de euros, deixando 2,2 milhões de trabalhadores em situação extremamente precária. Em condições normais, esses trabalhadores já trabalham muitas horas, a troco de um salário que em média não ultrapassa os cem euros. O país é dedica-se maioritariamente a esta indústria, registando cerca de 80% das exportações.
Num texto divulgado no "Washington Post", o presidente da Associação de Fabricantes e Exportadores de Vestuário no Bangladesh, Rubana Huq, acredita que a estratégia das marcas internacionais – de se comprometerem a pagar as encomendas e/ou a pagar a alguns fornecedores em detrimentos de outros - é pouco ética e que, a longo prazo, vão comprometer as suas cadeias de fornecimento. Rubana Hug, apela a que organizações e académicos pressionem as marcas internacionais a cumprir as suas obrigações. De outra forma, , "o cruel mês de abril arrisca tornar-se um verão devastador". Rubana acredita que estas grandes empresas têm vastas reservas de capital e que os seus principais acionistas são milionários, portanto têm meios para fazer com que os trabalhadores sejam pagos.