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Diário de um confinamento: Pedro Vieira

Diário de um confinamento: Pedro Vieira

10 Fev, 2021

Pedro Vieira, MLV Portuguese Shoes


É o responsável pela MLV Portuguese Shoes. Pedro Vieira acredita que 2021 ainda será um ano de incerteza, enquanto a pandemia não estiver controlada.

O ano que findou, as empresas foram testadas ao limite. Que soluções encontrou para minimizar os efeitos da pandemia?
O ano de 2020, foi sem dúvida um ano cheio de novos e inesperados desafios.
Tínhamos perspetivado para o ano 2020 um conjunto de ações, que elevariam a MLV Shoes não só no mercado Português como noutros mercados internacionais. A estes objetivos tínhamos ainda o lançamento da nossa loja online. Com o surgimento desta pandemia, fomos obrigados a reformular muitos dos caminhos traçados e idealizados. A impossibilidade da realização de feiras e visitas a atuais e potencias clientes, foram um dos nossos grandes entraves, pois queremos cada vez mais, estar perto dos nossos consumidores. De forma a minimizarmos este isolamento, apostamos nos meios digitais, não só com a abertura da loja online já perspetivada, mas também com a criação de um showroom virtual para os nossos parceiros/lojistas.
 
Que avaliação faz às medidas apresentadas pelo Governo?
 
O Governo, como todos nós foi apanhado de surpresa e obrigado a tomar decisões no imediato que nos pareceram as mais ajustadas. No entanto, com o decorrer do tempo, foram tomadas um conjunto de ações/apoios que não nos pareceram as mais ajustadas e inclusive em grande parte não chegaram às empresas colocando-as em grandes dificuldades.
Temos vários clientes/lojistas com dificuldades e parece-nos que as marcas estão a suportar de forma direta ou indireta algumas das suas dificuldades. Todas as marcas para além de quebras brutais nas vendas, anulações de encomendas e impossibilitadas de realizar vendas não podem ser o banco/financiador das lojas/clientes.
Para além disto, o governo deverá continuar a apoiar as empresas por mais tempo, caso contrário não aguentarão muito mais. Esta pandemia terá repercussões enormes a nível económico e caso os apoios não se prolonguem, muitos irão fechar e outros ver-se-ão obrigados a despedir funcionários o que só prejudicará ainda mais a nossa economia.
 
Que expectativas tem para o ano de 2021?
 
Infelizmente as expectativas não são boas….. em relação ao primeiro semestre, continuamos com quebras, e o facto de as lojas estarem fechadas sem sabermos até quando não nos ajudam a ter uma perspetiva mais otimista.
Relativamente ao 2º semestre e trabalhando com antecipação de 6 meses ao início da estação de Outono/Inverno 2021, não esperamos resultado extraordinários...teremos um ano de 2021 ainda muito duro pela frente.
 
O que tem a indústria portuguesa para oferecer aos seus clientes?
 
A indústria portuguesa tem o Know-how, mas na minha opinião os nossos industriais, terão que se adaptar a uma série de situações, ou então vão acabar por ficar para traz. Temos que ter cada vez mais uma resposta rápida em termos de produção e nem sempre é fácil, pois existe uma retaguarda (materiais e/ou componentes) que terá que acompanhar este caminho. Temos vários casos, como componentes que estão a demorar mais de 4 semanas a serem entregues, se somarmos mais 2/3 semanas para produção, e 1 semana para transporte podemos concluir que é demasiado tempo para um mercado que está em profunda transformação.
Nós marcas e industriais teremos de oferecer uma resposta imediata, pequenas séries e uma qualidade cada vez melhor, só desta forma poderemos sobreviver num mercado cada vez mais competitivo.
 
Este ano, o nosso país começa a beneficiar de um pacote extraordinário de medidas de apoio, a famosa «bazuca europeia». Que expectativas tem relativamente a esse pacote de medidas?
 
Os apoios são fundamentais para a gestão das empresas numa altura destas ….sinceramente espero que cheguem e que sejam distribuídos de forma equitativa por quem quer na verdade trabalhar.
 
Se do ponto de vista do negócio, o ano de 2020 foi particularmente difícil, o que mudou na sua vida pessoal nestes últimos meses?
 
A nível pessoal mudou bastante…deixei de poder estar com familiares, amigos e clientes… para além de pais tivemos também de ser professores…isto obrigou-nos, a mim e á minha esposa, a trazer trabalho para casa e tentar muitas vezes recuperar o tempo “perdido” durante o dia. Ser empresário, gerir uma empresa quando temos filhos pequenos com as escolas fechadas não é nada fácil....espero que esta fase passe depressa.
 
Saudade foi a palavra eleita pelos portugueses para resumir o ano der 2020. De que sente mais saudades?
 
Sem dúvida , “saudade” é o que mais tenho neste momento...Tenho saudades de poder sair, com esposa e filhos e andar sem restrições. Também tenho saudades, de poder estar com familiares e amigos mais próximos, coisas básicas que todos nós fazíamos anteriormente e que agora passamos a valorizar ainda mais.

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