Começou em março a investida do setor português de calçado aos Estados Unidos. O maior importador mundial será, agora, alvo de uma aposta sem precedentes. “É o mercado de todas as oportunidades”, defende o Presidente da APICCAPS.
Nos últimos sete anos, as vendas de calçado português para os EUA e Canadá passaram de 13 para 99 milhões de euros, no final do ano passado (crescimento de 662%). O potencial de crescimento é, porém, inesgotável. Para Luís Onofre “a indústria portuguesa de calçado já atingiu a maturidade suficiente para abraçar o mais importante mercado de todos”.

O início desta ofensiva promocional aconteceu 15 de março. Simbolicamente, realizou-se uma conferência, no Porto, com vários dos parceiros que a APICCAPS seleccionou para esta investida ao mercado norte-americano: a Associação dos Retalhistas e Distribuidores Americanos (FDRA), a plataforma UBM (que organiza os grandes eventos de moda nos EUA, como Magic ou Platform) e o maior grupo editorial, a Footwear News, a grande referência editorial do continente americano. Complementarmente, esta iniciativa contou ainda com o setor português de vestuário, através da ANIVEC. “Tem todo o sentido que nos apresentemos em conjunto neste importante mercado. Temos objetivos comuns e uma sintonia estratégica clara”, sublinhou o Presidente da APICCAPS.


Calendário apertado
Entre março e setembro próximo serão várias as iniciativas programadas para o mercado americano. Em abril, um grupo de importadores visitará o nosso país. No mês seguinte, é a vez de vários especialistas americanos participarem no Congresso Mundial de Calçado, que se realiza no Porto entre os dias 16 a 18 de maio. Em junho, Nova Iorque acolherá o melhor da oferta portuguesa, numa ação comercial e de comunicação, que permitirá uma primeira avaliação «in loco» do mercado. Esta ação, que contará com uma mostra selecionada de produtos portugueses (que pode abranger para além do calçado, o vestuário e a ourivesaria), será aprimorada com ações de imagem, relações públicas e mesmo diplomacia económica. Será um momento de grande afirmação do calçado e da moda portuguesa no mercado americano. Em agosto, o calçado português participará com uma forte delegação na Magic, em Las Vegas. Várias dessas ações serão depois replicadas, depois, em fevereiro e agosto do próximo ano. “Será uma aposta consistente, sem rupturas, pois acreditamos que, a médio prazo, poderemos, com uma estratégia concertada, duplicar as nossas vendas para os EUA”, sublinhou Luís Onofre.



O grande mercado
Americano
Os Estados Unidos são, segundo o World Footwear Yearbook, o maior importador mundial de calçado. Em 2016 (últimos dados disponíveis), importaram 2.342 milhões de pares de calçado. China (quota de 73%), Vietname (16%) e Indonésia (4%) dominam o mercado, mas têm vindo a perder peso, nomeadamente para outros players europeus. A China, por exemplo, registou um quebra de 12% nos últimos cinco anos, enquanto Itália, o 4º fornecedor do mercado, registou um crescimento de 247%. Já as vendas de calçado português para os EUA aumentaram 901% de 2010 até 2017, para 72 milhões de euros no final do ano passado (dados do INE).

Em termos de produtos, os americanos importam, preferencialmente, calçado em plástico (quota de 37%), seguido de calçado com incorporação de materiais têxteis (31%) e de couro (22% do total).

O consumo per capita é particularmente elevado: cada americano compra, em média, 7,1 pares de calçado por ano.