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Ordem para aumentar preços

Ordem para aumentar preços

16 Dez, 2021

Preço médio do calçado exportado a nível mundial aumentou 33,8% na última década


Na última década preço médio do calçado exportado a nível mundial aumentou 33,8%, ascendendo agora a 10,37 dólares o par. Na década anterior os preços médios do calçado tinham aumentado menos de metade, ou seja, apenas 16,4%. Para o os próximos anos, dados do Business Conditions Survey do Word Footwear apontam para um acentuar desta tendência de aumentos de preços do calçado. No caso português, há literalmente ordem para aumentar os preços de exportação. O Gabinete de Estudos da APICCAPS explica as razões para isso acontecer:

Matérias-primas
O custo das matérias-primas aumentou de forma expressiva desde março do ano transato. Se no início da pandemia, as commodities internacionais sofreram uma quebra de preço significativa, a realidade alterou-se, nos últimos meses, de forma expressiva e hoje o índice da Bloomberg que segue o preço médio das matérias primas está já 24% acima dos valores pré pandemia.  Com efeito, este movimento ocorreu nos preços da energia, do algodão, dos polímeros, dos minerais e várias matérias-primas que, direta ou indiretamente, são utilizadas na indústria.

Para o setor do calçado, nada é mais determinante do que os preços dos curtumes. E aqui o sinal não é diferente: de acordo com o Índice de Preços na Produção Industrial dos EUA, o preço do couro aumentou, em média, 28% face aos valores pré-pandemia. Este é, pois claro, o maior sinal de alerta para o aumento do preço do calçado de couro.  


Custo dos transportes
O aumento do preço da energia, em conjunto com a disrupção das cadeias logísticas a nível mundial, conduziu a um disparar dos custos dos transportes de mercadorias nos últimos meses.  Mas, vamos a números: o custo do transporte marítimo aumentou mais de 520% desde o início da pandemia (o transporte de um contentor de 40 pés que custava 2.000 dólares custa hoje em média mais do que 6.000 dólares). Já o transporte aéreo aumentou também quase 200%. Para um setor como o calçado, que exporta mais de 95% da produção para todo o mundo e que tem vindo mais recentemente a descobrir uma grande oportunidade nas vendas online, este deverá ser um indicador a que devem estar particularmente atentos.


Custos salariais
Os salários têm aumentado um pouco por todo o mundo. Em Portugal, o Salário Mínimo Nacional aumentou mais de 40% desde 2014. Para 2022 foi já confirmado um novo aumento que colocará o salário mínimo nos 705 euros (9.780 € anuais), representando mais 6% face ao de 2021.
Se tivermos em conta o número de horas efetivamente trabalhadas, os dados de setembro de 2021 apontam para que na fileira do couro, desde 2019, o custo por hora efetivamente trabalhada tenha aumentado 9,9%.

Inflação
A evolução da inflação, tanto em Portugal como nos nossos principais mercados,  também deverá manter a um ritmo muito mais acentuado do que estávamos habituados. Em novembro de 2021, face ao mesmo mês de 2020, a Área Euro (onde se incluem grande parte dos principais mercados de destino das exportações portuguesas de calçado), registou uma taxa de inflação de 4,9%. Este é um valor bastante acima da média 2015-2020 (0,9%) e, ainda mais importante, que se prevê tenha um impacto disruptivo, prevendo-se que no futuro se mantenham níveis de inflação próximos ou acima dos 2%, portanto mais do dobro do que no passado recente.

Se, por um lado, este dado nos permite abrir a oportunidade, uma vez que os mercados estarão disponíveis para aceitar os necessários aumentos de preços, por outro, os custos de produção serão também necessariamente influenciados pelo aumento generalizados dos preços em Portugal.


Preços
Voltemos ao preço médio e aos resultados do Bussiness Conditions Survey. Se é verdade que o preço médio do calçado exportado aumentou mais de 33% na última década, o painel de especialistas inquiridos (122 respostas válidas, 43% provenientes da Europa, 30% da Ásia, 13% e 7% da América do Norte e do Sul, respetivamente, 6% da África e 1% da Oceânia) confirma a expectativa de aumento de preços. Mais de três quartos dos inquiridos acredita que os preços aumentem no próximo ano, enquanto apenas 3% acreditam que irão diminuir. Apenas um em cada cinco entrevistados espera que os preços médios de exportação de calçado permaneçam inalterados. Esta orientação é comum aos especialistas que operam em todas as linhas de negócio. Geograficamente, as perspetivas sobre a evolução dos preços são um pouco mais cautelosas em África e na Ásia do que em outros continentes, mas o equilíbrio de respostas extremas é maior do que 50 pontos percentuais em todas as regiões.


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