Portugal não é considerado um país seguro para o governo de Boris Johnson
O Ministros dos Negócios Estrangeiros considera a decisão do Reino Unido como “um absurdo”, “errada” e que causa “muito desapontamento”, trazendo ainda graves consequências económicas e de confiança recíproca. "Tomamos nota desta decisão do Governo do Reino Unido com muito desapontamento. Seria apenas um absurdo se não tivesse consequências. De facto, é um absurdo que um país como o Reino Unido tenha sete vezes mais casos do que Portugal e 28 vezes mais óbitos relacionados com a covid-19 do que Portugal e imponha quarentena no regresso dos passageiros oriundos de Portugal. Seria apenas um absurdo se não tivesse consequências”, disse Santos Silva em declarações à Lusa.
Augusto Santos Silva garantiu que as autoridades portuguesas não irão tomar qualquer atitude de reciprocidade em relação aos britânicos que residem em Portugal. O ministro espera que o Reino Unido “corrija uma decisão errada rapidamente”. Esta decisão traz “consequências muito graves de natureza económica, mas sobretudo sobre a confiança recíproca que é a base do relacionamento bilateral. Representa um abalo causado numa relação ancestral entre o Reino Unido e Portugal. Não é assim que os países amigos e aliados se relacionam uns com os outros. Transmitimos todas as informações pedidas pelo Reino Unido ao longo das últimas semanas e realizamos todos os contactos aceites com o Reino Unido, a nível técnico, diplomático e político”, frisou.
“Uma coisa é certa: seja qual for o indicador que se utiliza relativamente à pandemia da covid-19, a região do Algarve, em Portugal, é muito mais segura do que a Inglaterra”, assegurou, deixando também palavras aos britânicos que residem em Portugal, ou onde estão ou vão passar as férias de verão.
Já Marcelo Rebelo de Sousa recordou que Portugal apoiou o Reino Unido em situações difíceis. “[O Reino Unido] é o nosso aliado mais antigo, as nossas relações são de muitos séculos e há uma coisa que toda a gente sabe: que na vida das pessoas, como nos países, ora se está no alto, ora se está em baixo. E quando se está em baixo precisa-se dos outros. Quando se está no alto – ou quando se pensa que se está no alto – às vezes esquecem-se os outros”.
O Presidente da República acredita que “mais cedo ou mais tarde, Portugal terá de apoiar o Reino Unido”.