APICCAPSAPICCAPSAPICCAPS
Facebook Portuguese Shoes APICCAPSYoutube Portuguese ShoesAPICCAPS

De onde vem a pele?

De onde vem a pele?

5 Mar, 2019

Um projeto da COTANCE em parceria com "Leather from Portugal"


Qual é a verdadeira origem da pele? Para que serve? Os adventos da responsabilidade ecológica nem sempre respondem a esta pergunta de forma clara. A exploração animal é unicamente destinada à produção de produtos de moda ou a indústria da moda está apenas a reciclar um desperdício? ‘De onde vem a pele’ é um manifesto da indústria europeia de curtumes - COTANCE - e tem como objetivo promover um novo pensamento sobre a origem e tratamento da pele e desmistificar conceitos. Uma história escrita na primeira pessoa.

“ ‘De onde vem a pele?’ é uma boa pergunta para começarmos 2019. No Natal passado, a minha sobrinha de 16 anos pediu-me um casaco novo.  Como sabem, é impossível comprar roupa para adolescentes, pelo que optei por lhe dar dinheiro para ela o comprar. Quando lhe perguntei que tipo de casaco ela tinha comprado, esta respondeu: Um casaco de material sintético porque, e passo a citar: "coitados dos animais". Como se pelo facto de ela comprar um casaco de pele, terem de ser abatidos animais para se obter a pele.

As gerações mais novas que valorizam a importância de reciclar no dia-a-dia, por alguma razão parecem não entender que a pele é o exemplo mais antigo de reciclagem da humanidade.  Então, porque tem a pele uma imagem tão negativa entre as gerações mais jovens? O que é que nós e os nossos parceiros da fileira da moda não estamos a fazer corretamente?

Então, eu optei por lhe explicar de onde vem a pele e debater com ela os conceitos errados e as falácias que frequentemente encontro. De uma forma resumida, eu dei-lhe uma breve explicação acerca da origem da pele e porque razão continua a ser relevante nos dias de hoje.

Esta é uma das atividades mais antigas da humanidade. Há 170,000 anos atrás os nossos antepassados utilizavam as peles dos animais que caçavam para se proteger do frio e do calor, como amuletos, para criarem instrumentos musicais rudimentares e até para carregarem os seus pertences quando se deslocavam. Aprenderam a conservar a pele, prevenindo o seu apodrecimento através da curtimenta, que se viria a desenvolver numa indústria de alto nível. As fábricas de curtumes são uma peça chave nesta cadeia de reciclagem, convertendo um resíduo da indústria das carnes num material valioso que cria empregos e riqueza em especial para as economias locais. 

Os pelos também são considerados pele?   Não, mas devido a uma falta de compreensão surge uma grande confusão. Os pelos não são subprodutos da indústria das carnes, na medida em que os animais de pelo são criados apenas com o objetivo de obtenção do pelo. Os grupos de ativistas dos direitos dos animais usam-se desta situação para promover uma imagem errada da pele e que não corresponde a origem mais usual da pele. Tristemente, a informação enganosa não é algo que consigamos controlar, e é comum que os consumidores acreditem que os pêlos e a pele são a mesma coisa.
São criados e abatidos mais animais devido à existência da Indústria de Curtumes? Não.  A industria de curtumes depende quase exclusivamente da industria das carnes. De facto, as estatisticas mostram  que à medida que as pessoas nos paises em desenvolvimento se tornam mais ricas, estas passam a consumir mais proteina animal (carne) e portanto a disponibilidade de peles em bruto aumenta.  Com a exceção de uma pequenissima parcela de peles exóticas, todas as peles processadas na Europa têm origem na industria das carnes.

A indústria de curtumes abate animais para obter a sua pele? Não. Quase a totalidade dos couros e peles processados pelas fábricas de curtumes europeias são subprodutos da indústria das carnes. Se a indústria de curtumes não existisse, a indústria das carnes teria de encontrar um destino para esses couros e peles em bruto conforme são extraídos do animal. Só existem dois destinos e são ambos altamente poluentes: deposição em aterro ou incineração. Ao fabricar a pele, esses couros e peles em bruto são transformados num produto natural e altamente versátil para artigos de moda de vestuário, calçado, para estofos de mobiliário, automóveis, aviões, barcos, comboios e até vestuário de segurança para bombeiros e pilotos de corridas.
Há, ainda, outro pensamento errado: a indústria de curtumes polui rios, contamina a atmosfera e é mais perigosa para o ambiente que os produtos derivados de combustíveis fosseis, como os materiais sintéticos? Não é verdadeiro. No passado, como em muitas indústrias, conceitos como a proteção ambiental ou a sustentabilidade não eram uma prioridade para as empresas. Mas as coisas mudaram! Felizmente, uma maior perceção da importância da sustentabilidade ambiental está agora no topo da agenda para muitos países.  Tal como em muitas outras indústrias, há sempre espaço para melhorias, mas grandes passos na tecnologia, know-how, investimento em I&D e políticas ambientais exigentes têm conduzido a indústria de curtumes europeia à liderança mundial em termos de sustentabilidade.

Existe, por outro lado, muita atenção por parte da Comunicação Social à crueldade no tratamento dos animais nos matadouros. É verdade que temos assistido a algumas reportagens acerca de tratamento abusivo dos animais em alguns matadouros na Europa. Contudo, estes tristes acontecimentos são incidentes isolados e fortemente condenados por todas as associações europeias da indústria de curtumes, pelos seus membros e pela confederação europeia da indústria de curtumes, a COTANCE e também pela generalidade da sociedade. Por toda a Europa, os matadouros são regulados e existem leis contra a crueldade aos animais. É importante ter em conta que muitas fabricas de curtumes colocam o Bem-estar Animal como uma das prioridades principais da sua estratégia empresarial.

Cara sobrinha, a pele é um produto forte, durável e versátil, que graças a processos de curtumes sustentáveis pode ser transformada em casacos, sapatos, malas, estofos de mobiliário, automóveis, aviões... Olha à tua volta!

Depois de comeres um belo bife ao almoço, estás deitada num belo sofá de pele com 12 anos e ainda tem um aspeto formidável... o carro em que vieste tem estofos em pele... Tu reciclas latas de bebida, garrafas de plástico, papel... então porque não pensar mais à frente e dares também um contributo para a reciclagem dos couros e peles em bruto? Porque não comprares um casaco desenhado na Europa, fabricado na Europa e com pele Europeia? Se cuidares bem do teu casaco este durará por muitos anos e ficará cada vez melhor cada vez que o usares.
O que pensas acerca da pele agora?”
          

Partilhar:

Últimas Notícias