APICCAPSAPICCAPSAPICCAPS
Facebook Portuguese Shoes APICCAPSYoutube Portuguese ShoesAPICCAPS

APICCAPS organiza conferência em Nova Iorque com Vogue Business e reforça o “Made in Portugal”

APICCAPS organiza conferência em Nova Iorque com Vogue Business e reforça o “Made in Portugal”

16 Jun, 2025

Conferência “Navigating global production upheaval”


A conferência “Navigating global production upheaval”, promovida pela prestigiada revista Vogue Business em parceria com a APICCAPS, no passado dia 4 de junho, no Nine Orchard, em Nova Iorque, reuniu especialistas do mundo da moda com o objetivo de esclarecer o atual contexto do mercado, as abordagens à produção global e de que forma Portugal se pode tornar uma opção atrativa para as marcas que se querem destacar. 

De facto, o contexto atual é particularmente difícil para os fundadores de marcas de moda com sede nos EUA e que produzem no estrangeiro. A indefinição das tarifas, lançadas pela administração de Donald Trump, está a causar uma onda de incerteza, que acarreta graves penalizações para as empresas, tanto nas suas despesas operacionais como na confiança dos consumidores. 

Com a regulamentação em constante mutação, a Vogue Business e a APICCAPS, no âmbito do projeto FAIST reuniram especialistas do setor para obterem visões detalhadas sobre como as marcas de moda estão a “navegar” neste clima de instabilidade e de que forma Portugal pode ser uma opção viável e atrativa para responder a estes desafios. 

A conferência, que contou com a moderação de Madeleine Schulz, repórter da Vogue Business, teve como oradores Jonathan Cohen, cofundador e diretor criativo da marca homónima, Chris Echevarria, fundador e diretor criativo da Blackstock & Weber, e Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS. 

Como enfrentar o atual panorama global? De que forma é que este pára-arranca penaliza o atual contexto da produção mundial? Em que posição ficam as empresas portuguesas? De facto, as respostas a estas perguntas parecem cada vez mais urgentes do que nunca. 

Paulo Gonçalves não tem dúvidas de que, “pela primeira vez na nossa história, estamos a assistir a uma negociação em direto na televisão nacional”. Defensor “do comércio internacional livre, justo e equilibrado”, o porta-voz da APICCAPS, não tem dúvidas de que estes “são tempos estranhos”.

Portugal: a escolha número um para produzir
Para Jonathan Cohen, a pandemia foi o clique que o levou a olhar para além de um único local de produção. “A maior parte da nossa produção foi feita em Nova Iorque, e rapidamente aprendemos que não podemos colocar todos os ovos no mesmo cesto porque o mundo tornou-se extremamente imprevisível”, disse aos participantes da conferência.

Já Chris Echevarria, que produz em Portugal, também mudou a sua produção. Teve a ideia de deixar Inglaterra e ir para às praias mais soalheiras de Portugal depois de uma marcação numa barbearia. O homem ao seu lado ouviu uma conversa e perguntou se ele precisava de um novo local para fabricar sapatos. “Esse homem é agora o CEO da marca”, disse, partilhando ainda que “é muito mais fácil trabalhar com Portugal, porque estão sempre dispostos a fazer o possível para conseguir o que é necessário”. Além disso, ressalva que os preços são justos e que os fabricantes portugueses “são gratos pela preferência”.  

Paulo Gonçalves está, de facto, otimista quanto à ascensão de Portugal e acredita que “o nosso momento chegou”: “Acreditamos que há espaço no mercado para um pequeno player como Portugal, especializado em bons produtos com um excelente design e preços justos”, disse. Partilhou ainda que a APICCAPS investiu até agora 600 milhões de euros no setor, investimento que demonstra um sinal de confiança. 

Setenta por cento da produção de Portugal é para marcas internacionais, pelo que a indústria está bem equipada, destacou Paulo Gonçalves. O país tem “as competências, a tecnologia e o know-how”. Além disso, “as marcas com designers jovens, na maioria das vezes, têm uma visão inovadora do mercado”, o que acaba por ser “uma estratégia vantajosa para todos”.

A tecnologia e a inovação também são essenciais para o preço e a qualidade, concordaram os oradores. A APICCAPS, por exemplo, lidera o projeto FAIST, que reúne um grupo de 60 parceiros do universo académico, centros tecnológicos, empresas de calçado e empresas de tecnologias de informação e que surgiu com o objetivo de assegurar junto das empresas uma maior eficiência produtiva e uma maior rentabilidade, melhores condições de trabalho e uma maior flexibilidade na capacidade de resposta às exigências do mercado. 

Para Paulo Gonçalves, o desenvolvimento destas ideias “é uma das razões pelas quais as marcas internacionais estão a chegar a Portugal”, acrescentando que ao “otimizar o processo” poupa-se tempo e energia. Não ficando indiferente, Echevarria interrompeu a intervenção de Paulo Gonçalves e disse: “mais rápido é sempre melhor”.

As tarifas de Trump e a mudança de paradigma
Encontrar onde produzir pode ser difícil, especialmente quando as regulamentações mudam rapidamente. Para Cohen, tudo se resume às oportunidades de uma estratégia vertical. O próprio afirma que trabalham “muito com os bordados na Índia”, por exemplo, já que é lá que têm os tecidos, que produzem o bordado, que o cortam e que o costuram”. No final recebem o produto acabado, explicou Cohen. Se fosse a fabricar o produto em Nova Iorque cada etapa teria um sítio diferente para ser feita, por isso, “esta verticalidade significa melhores preços, melhor controlo de qualidade e melhor gestão de resíduos”.

Quanto ao planeamento, tanto Cohen como Echevarria sublinharam a importância da flexibilidade. Echevarria está focado na importação das mercadorias. Perante a ameaça de uma tarifa europeia de 50%, maximizou a quantidade das suas encomendas, passando a olhar ao período em que importa de forma a que a tarifa não esteja tão elevada. Basicamente, em termos de planeamento, Echevarria está “apenas a ler o barómetro de Trump”.

Partilhar:

Últimas Notícias