O setor do calçado deverá crescer 7,6% em 2025 a nível mundial
O setor do calçado deverá crescer 7,6% em 2025 a nível mundial, de acordo com o World Footwear Survey, da responsabilidade da APICCAPS. Um desempenho, ainda assim, abaixo das anteriores previsões de crescimento (8,4%). Para isso contribui decididamente a nova política tarifária de Donald Trump. Para a maioria dos especialistas da indústria espera que tenham um impacto "predominantemente negativo", globalmente, no setor, nos próximos dois anos. Os entrevistados da América do Norte "são menos pessimistas do que os seus homólogos em outras partes do mundo".
Globalmente, os especialistas antecipam aumento no consumo de calçado de 14,9% em África e 7,5% na Ásia. Mais modestos são os aumentos projetados para a América do Norte (+3,9%) e Europa (+2,0%), e esperam-se quedas na América do Sul (-0,5%) e na Oceânia (-3,3%).
Na 12ª edição de um inquérito que analisa várias variáveis como o contexto económico, a saúde dos negócios, o nível de emprego ou as principais dificuldades sentidas pelas empresas, e ao qual responderam mais de uma centena de profissionais do setor, realce para a estimativa de crescimento no preço do calçado este ano.
De acordo com o World Footwear Survey apesar do crescimento global previsto pelo Fundo Monetário Internacional ser de 2,8% para 2025, são esperadas "variações regionais notáveis" e que vão dos 6,2% de crescimento da economia indiana aos 0,8% da zona euro, passando pelo 4% da China e os 1,8% da economia americana, devido à incerteza gerada pelas tensões comerciais, as tarifas elevadas e a incerteza política. Para o setor do calçado, "estas diferenças significam que as oportunidades e os riscos de mercado variarão acentuadamente consoante a geografia. Apesar destas circunstâncias variadas, o sentimento geral é otimista", com a maioria dos inquiridos prever aumentos tanto nos volumes de venda como nos preços. A saúde geral dos negócios "deverá permanecer forte" e os níveis de emprego deverão evoluir "de forma positiva", indicando uma "confiança contínua na robustez" da indústria.
De acordo com o inquérito, 58% dos empresários esperam um crescimento de vendas "forte" ou "muito forte" nos próximos seis meses, contra os 12% que antecipam dificuldades. No que ao emprego diz respeito, 46% das respostas apontam para uma estabilização, mas há 42% que acreditam que irão aumentar o seu quadro de pessoal.
Quanto aos preços, não obstante a inflação continuar a descer, 37% dos inquiridos apontam para um aumento moderado (1,5% a 5%), 21% esperam um aumento forte (5% a 20%) e 17% acreditam mesmo que o preço cresçam acima dos 20%.
Em termos de volume, 63% dos empresários esperam que as vendas no seu país cresçam, sendo que 30% apostam num crescimento moderado, até 5%, e 21% antecipam que possa chegar aos 20%.
Relativamente às principais dificuldades sentidas, o custo das matérias-primas persiste como maior preocupação, seguido da procura insuficiente e da competição no mercado interno. O tema das taxas e tarifas surge apenas no quarto lugar, numa tabela na qual constam questões como a falta de recursos humanos, as dificuldades financeiras, os obstáculos ao comércio internacional ou a falta de equipamentos adequados.
Para o porta-voz da APICCAPS, os dados deste mais recente inquérito do World Footwear “sendo globalmente positivos, devem ser analisados com muita ponderação”, em especial pelo facto de os mercados estratégicos do setor, os EUA e a Europa, “perspetivarem crescimentos relativamente modestos”. Por outro lado, o crescimento de 7,5% previsto na Ásia “serve de alento, numa altura em que o setor está a investir em países como a Coreia do Sul ou o Japão”. “O setor de calçado começou o ano a bom rimo, a crescer mais de 5% nos mercados externos nos primeiros quatro meses do ano, mas temos de admitir que o clima de incerteza a nível internacional continua a condicionar a atividade exportadora”, concluiu.