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Calçado português investe 140 milhões de euros e prepara indústria do futuro

Calçado português investe 140 milhões de euros e prepara indústria do futuro

4 Jan, 2022

Indústria investe 140 milhões de euros nos próximos três anos


A indústria portuguesa de calçado vai investir 140 milhões de euros nos três próximos anos, através do Cluster do Calçado e Moda, liderado pela APICCAPS e Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), com o objetivo de ser “a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”. O setor pretende, igualmente, “reforçar as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação”.

Em dois projetos distintos, mas complementares, enquadrados no PRR (Programa de Recuperação e Resiliência), APICCAPS e CTCP reuniram mais de 100 empresas, entre universidades, empresas e entidades do sistema científico e tecnológico e preparam uma nova década de crescimento nos mercados externos.

“As conquistas do passado, não são garantias de futuro”, assume Luís Onofre. Para o Presidente da APICCAPS, “ainda que na última década o calçado português tenha tido um desempenho assinalável – excluindo o período da pandemia - nos mercados externos para onde exporta mais de 95% da sua produção, sentimos que os negócios mudaram e compete-nos investir numa indústria nova, para permanecer na vanguarda”. Este processo de afirmação do calçado português nos mercados externos “deve assentar na sofisticação e na criatividade da oferta portuguesa, ao nível dos biomateriais, dos ecoprodutos, dos processos digitais e ágeis, e dos novos modelos de negócio, permitindo apostar em segmentos de mercado em que a escolha se baseia mais na moda do que no preço”.


Bioeconomia de esperança                                                    
Com um orçamento de 80 milhões de euros, o projeto BioShoes4All será dividido em cinco pilares – Biomateriais, Calçado Ecológico, Economia Circular, Tecnologias Avançadas de Produção e Capacitação e Promoção e pretende “garantir uma base produtiva nacional resiliente para posicionamento no mercado internacional no qual a inovação, a diferenciação, a resposta rápida e eficaz, o serviço, a qualidade dos produtos, a capacitação e a promoção serão argumentos competitivos que nos permitirão ser superiores à concorrência”, garante Maria José Ferreira, do Centro Tecnológico do Calçado e coordenadora do projeto. Para isso, o setor de calçado “tem a ambição de induzir uma mudança radical nos materiais, tecnologias, processos e produtos”.

“O desenvolvimento e a produção de novos biomateriais e componentes, alicerçados nos princípios da bioeconomia circular e do desenvolvimento sustentável, em todas as suas dimensões, criando soluções diferenciadas, valorizadas pelos clientes e consumidores, contribuindo para catalisar uma nova bioeconomia sustentável, a valorização eficiente de biorecursos regionais e nacionais e a descarbonização” é um dos objetivos deste projeto. Acresce a necessidade de se “criarem novos conceitos de ecoprodutos de calçado e marroquinaria, assentes nos princípios da economia circular e da neutralidade carbónica, com elevada funcionalidade, processos e modelos de negócio inovadores, fundamentais na estratégia de diferenciação e criação de valor no longo prazo, orientados para o consumidor, que aprecia o design e a moda, deseja definir o seu produto, é informado, social e ambientalmente exigente e responsável e, frequentemente, digital”.

Igualmente relevante será a “conceção e a aplicação de novas abordagens e tecnologias visando a minimização e a valorização dos resíduos de produção e pós-consumo, no contexto de uma economia verde circular, contribuindo para o aumento do ciclo de vida dos materiais, uma gestão mais eficiente dos recursos materiais e energéticos, a neutralidade carbónica e o combate às alterações climáticas.

No âmbito do projeto BioShoes4Al, relevante será ainda “o desenvolvimento e utilização de tecnologias avançadas, no enquadramento dos novos paradigmas tecnológicos e de sustentabilidade, incluindo ferramentas para a rastreabilidade de toda a cadeia de valor, a robótica, valor a partir dos dados ou inteligência artificial, contribuindo para o aumento da flexibilidade, produtividade, competitividade e resiliência do cluster”.


60 milhões em tecnologia de ponta

Com um orçamento próximo dos 60 milhões de euros, será desenvolvido o projeto FAIST que, no essencial pretende “aumentar o grau de especialização da indústria portuguesa de calçado para novas tipologias de produto” e potenciar “a capacidade de oferta das empresas portuguesas de calçado através do reforço da capacidade de fabricar médias e grandes encomendas, utilizando processos de montagem mais eficientes”, adianta Leandro de Melo.

“Se hoje as empresas portuguesas – explica - são reconhecidas pela sua capacidade de inovação, do fabrico de pequenas encomendas de modo eficiente ou pela flexibilidade, terão agora de otimizar processos e melhorar a eficiência, para assegurar novos ganhos de competitividade”.

Segundo o Diretor Geral do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, o cluster do calçado deverá “inovar na constituição da cadeia de produção do calçado, desde a produção de componentes, passando pela fabricação de gáspeas até à criação de unidades de montagem modular”. Em simultâneo, importa que “aposte na produção de bens de equipamentos e tecnologias avançadas, substituindo importações e criando competências e capacidades locais tão necessárias à instalação de unidades produtivas com elevados níveis de automação e robótica”. Reforçar a cooperação entre Universidades, Politécnicos, centros de interface tecnológica e empresas, criar novas linhas de produção automáticas e robotizadas, em empresas demonstradoras, que sirvam como locais de teste e experimentação, bem como de capacitação de recursos humanos são igualmente metas a atingir. De acordo com Leandro de Melo, “paralelamente ao desenvolvimento de linhas de produção integradas com elevada automação, o setor investirá também na automação de postos e processos de trabalho chave nas linhas de produção já existentes, através da criação de ilhas de automação”.  

Em curso estará, ainda, a criação de oficinas piloto de teste e validação de novas tecnologias e processos, nomeadamente para as tecnologias digitais, para os processos de reciclagem e tratamento de resíduos, para o design e prototipagem de ferramentas necessárias à automação. Estes dois projetos iniciam-se com 100 parceiros, “mas há a expectativa de poder ainda acomodar novas ideias ou projetos empresariais”.   

“O setor do calçado sempre assumiu como grande objetivo ser uma grande referência internacional”, recordou Luís Onofre. “Este é o momento de preparar uma nova década de crescimento, reforçando competências, acelerando a inserção de novos quadros qualificados nas empresas e aumentar o investimento em I&DT, para que possamos apresentar produtos altamente diferenciadores”, concluiu o Presidente da APICCAPS.

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