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Lineapelle com sinais positivos

Lineapelle com sinais positivos

11 Out, 2022

Feira recebeu mais 32% de visitantes


A edição 100 da Lineapelle terminou com um registo muito positivo. No total 1,134 expositores (960 registados em fevereiro de 2022), de 40 países, apresentaram de 20 a 22 de setembro as tendências outono/inverno 2023.

A feira recebeu mais 32% dos visitantes do que em fevereiro e um crescimento de 73% de visitantes estrangeiros, com destaque para o aumento de visitantes dos Estados Unidos, India, México, Turquia e dos mais relevantes mercados europeus (França, Reino Unido, Portugal e Espanha). A organização da Lineapelle revelou que um dos dados mais interessantes desta edição foi a idade dos visitantes; são cada vez mais jovens. Para a feira este é um sinal de que “o futuro da Lineapelle e que a cadeia de global está assegurado”.

Fulvia Bacchi, CEO da LINEAPELLE, afirma que foi uma edição “muito especial, com pavilhões cheios desde o primeiro minuto e com visitantes de todo o mundo". O regresso dos clientes asiáticos e uma afluência de visitantes "maior do que o habitual" veio deu novo ânimo ao setor, que opera a montante da indústria do calçado.

No total, 35 empresas portuguesas que estiveram naquela que é a mais importante feira internacional de couro, acessórios e componentes para calçado. Na comitiva, viajaram estreantes. A Marqsol apresentou-se pela primeira vez na Lineapelle. A empresa de componentes foi fundada há 2 anos, dedica-se à produção de solas para calçado e investe agora numa nova geração de produtos onde “tudo pode ser introduzido na produção”.

A Multicouro, de São João da Madeira, é uma das repetentes no certame. Rodolfo Andrade afirma que o estado dos negócios "está muito bom" e que, graças a novos clientes e ao aumento de vendas, a faturação da empresa está já cerca de 20% acima do período pré-pandemia. "O balanço da feira é muito positivo, em especial pelo retorno de alguns clientes que já não vinham desde fevereiro de 2020, como é o caso dos clientes asiáticos. Até ao momento ainda não se notou quebra na procura ou no interesse em ver coleções novas, mas o tema principal de conversa é a instabilidade, a guerra, a quebra do poder de compra e o que isso pode influenciar a procura no curto prazo", diz.

Opinião partilhada por Pedro Castro, da Aloft. "A opinião geral é que já pareceu uma daquelas feiras à moda antiga. Houve muita gente a aparecer e a discutir as encomendas. Claro que há algum receio das nuvens que aí vêm, mas o que vi, no regresso ao aeroporto, é que vinha tudo de sorriso na cara, sinal de que o mood geral estava bastante positivo”. Por outro lado, o responsável da empresa afirma que "conseguimos concretizar temas que andavam há muito para serem terminados, o que só prova que o físico é sempre o físico”.

Para Paulo Ribeiro, responsável da Atlanta, o balanço da feira “é muito positivo”, tendo superado as expectativas. “Assinalamos uma afluência de visitantes maior que o habitual. Foi uma excelente oportunidade para fazermos novos contactos comerciais, darmos a conhecer os nossos produtos, em permanente adaptação, inovadores e cada vez mais sustentáveis, para percebermos melhor tendências de mercado e preocupações dos visitantes", diz Paulo Ribeiro.

A sustentabilidade
A indústria de componentes demonstra uma grande dinâmica no que diz respeito à sustentabilidade e, em cada edição da Lineapelle, as novidades não se fazem esperar. “A inovação sustentável não se trata apenas de materiais, mas sim do processo de produção e da forma como os produtos são utilizados. É um processo contínuo que tem também em conta toda a cadeia de abastecimento. A indústria da moda precisa de ser mais sustentável, reduzindo o desperdício”, sublinha Vitor Mendes, CEO da ISI Soles.

Na nova coleção da empresa, destaque para os modelos de solas para calçado que incorporam resíduos de outras indústrias, como a cortiça, borracha, casca de arroz, bolas de ténis ou até mesmo balões de festas e aniversários. “A incorporação de materiais sustentáveis são até muitas vezes mais versáteis do que as opções tradicionais, permitindo criar novos estilos sem sacrificar a qualidade!”, afirmou Vitor Mendes. No desenvolvimento da coleção todos os materiais utilizados foram “selecionados com grande cuidado, para que possam proporcionar o máximo conforto, durabilidade, desempenho”, acrescenta.

Também a Soviras, empresa especializada na produção de viras para calçado, apresentou uma linha sustentável ao “dar uma segunda vida aos resíduos, reutilizando-os no fabrico de novas viras. A Combocal também tem investido na sustentabilidade e apresentou soluções produzidas com fibra de bananeira, casca de arroz e cortiça.

De volta ao certame, a Forever tem investido em soluções recicladas e bio. Mas no caso da empresa de Vila Nova de Gaia até o stand foi construído com 73% de material reciclado e 87% do stand com a capacidade de voltar a reciclado.
As preocupações ambientais

Inflação e guerra na Ucrânia são as grandes preocupações das empresas. Para a Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes (APIC), dado o efeito da inflação no rendimento das famílias, o futuro é muito incertyo. "Ao contrário do que se passou na pandemia, em que as pessoas conseguiram manter sensivelmente os rendimentos com as medidas de lay-off, agora o rendimento está a ser corroído pela inflação", refere Gonçalo Santos. O secretário-geral da APIC admitiu que a indústria teme "uma crise de procura, porque as pessoas não terão rendimento suficiente para canalizar para bens não essenciais como o calçado ou a marroquinaria, os principais clientes do setor dos curtumes”.

Rodolfo Andrade mostra-se igualmente “apreensivo” com o aumento da inflação e a consequente quebra dos rendimentos das famílias, uma vez que 95% da empresa se destinam ao abastecimento de empresas de calçado.

No caso da Aloft, o modelo de negócio não é tão imediato. A empresa especializou-se em solas técnicas, muitas das quais sujeitas a exigentes certificações, o que em muitos casos pressupõe contratos a longo prazo, que podem chegar a dez ou 15 anos. Este facto torna a empresa ligeiramente ‘mais imune à conjuntura mais imediata’. Mas Pedro Castro admite que começam a surgir alguns sinais preocupantes. "Com receio de falha nas matérias-primas ou na capacidade de produção, muitos clientes assumiram níveis de stocks intermédios superiores ao normal, o que gerou uma tempestade perfeita. Muitos clientes estavam com modelos de previsões com crescimento inflacionados e estão, agora, a revê-los e a ajustar a procura", explica.


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