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Novos Materiais na indústria de calçado

Novos Materiais na indústria de calçado

1 Mar, 2021

O terceiro dia e os novos materiais


Começou, na passada semana, um ciclo de artigos sobre a Semana da Responsabilidade Ambiental, uma iniciativa conjunta da APICCAPS e do CTCP. Hoje, conheça as conclusões do terceiro dia, que teve como mote 'os novos materiais na indústria de calçado'


O TERCEIRO DIA E OS NOVOS MATERIAIS
Chegados ao terceiro dia desta semana, e depois de se ter debatido o futuro da pele, era agora tempo de discutir os novos materiais que a acompanharão nessa chegada ao futuro. Assim, sob o tema “Novos Materiais na Economia Circular”, reuniram-se para esta conversa José Dias, da Poleva; Marita Setas Moreno, da Marita Moreno; Décio Pereira, da Vapesol; e António Ribeiro, da Indinor. O debate tinha ainda prevista a presença de José Moura, da Condor, mas devido a problemas técnicos não foi possível ouvir o administrador da empresa.

Num tema com participantes de empresas bastantes distintas, as contribuições diversas ilustram bem o clima de inovação que se vive no tecido industrial do calçado português. Um clima que coexiste em plena harmonia com os princípios da sustentabilidade, o que leva a que muitas das inovações recorram precisamente à utilização de materiais já existentes, reinventados e adaptados, depois de temporadas de investigação, às necessidades do setor do calçado.

José Dias, da Poleva referiu assim a utilização da cortiça, que resultou de “uma parceria com a Corticeira Amorim” conseguida depois de “muito tempo de testes”, até se conseguir uma cortiça “moldável” e que se conseguisse combinar com “os diversos materiais” utilizados na manufatura das palmilhas da marca. Também Décio Pereira, da Vapesol, referiu a “cortiça”, esclarecendo que esse “é o material [sustentável] que já trabalham há mais anos”, e adiantou que a empresa, em colaboração com o Centro Tecnológico do Calçado (CTCP), está a desenvolver “um projeto de ecodesign”, que consiste na criação de uma sola que associa a “durabilidade com a cortiça”, um produto que será “apresentado na coleção de verão”. Marita Setas Ferro, responsável pela Marita Moreno, também referiu a utilização do material, tanto “nas palmilhas” como “no exterior” dos sapatos da marca.

Mas a cortiça não é o único dos materiais conhecidos a ser reaproveitado. No âmbito dos processos de curtimenta do couro, António Ribeiro, representante da Indinor, explicou que a empresa tem apostado na “economia circular”, enquanto procura “minimizar os produtos à base de petróleo” e o “uso de crómio”. Nesse sentido, a empresa tem dado preferência a soluções provenientes de desperdícios de outras indústrias, como a da produção do azeite. Como explicou, “o bagaço de azeitona pode ser utilizado para produzir gorduras que vão depois engordurar o couro”. Outros exemplos utilizados pela empresa no tratamento da pele são os “produtos provenientes da produção da pasta de papel” e o “glicerol, um subproduto da produção de biodiesel”.

Mas os exemplos de materiais não se esgotam. Marita Setas Ferro apontou ainda “o piñatex, e a pele de maçã” e na categoria dos materiais “bio based”, Décio Pereira falou da utilização de cana de açúcar e milho nas solas Eva Green da Vapesol. Uma aposta que, em 2020, garantiu, já se converteu “em milhares e milhares de pares de encomendas”.

Os reciclados não foram esquecidos, com José Dias a referir o uso de “microfibras e poliuretanos reciclados” e Décio Pereira a mencionar que a Vapesol está a trabalhar com a Universidade do Minho, num projeto pioneiro “a nível mundial”: a reciclagem de solas em Eva. O processo já deu os primeiros passos, mas a taxa de incorporação de Eva reciclado (por agora de 15%) é ainda para o CEO da marca, “insatisfatória para apresentar o material no mercado”. O objetivo disse é chegar aos “50%”.
Os participantes foram todos unânimes no facto de que a sustentabilidade não se esgota nos materiais, clarificando que engloba também um conjunto mais vasto de boas práticas e preocupações. Outro fator referido por todos foi a presença constante de processos (muitas vezes longos) de investigação, porque conforme resumiu José Dias, “a sustentabilidade é um caminho, não chegamos de um dia para o outro”. E, por fim, uma conclusão também unânime: a de que estes novos materiais já não são uma miragem de um futuro distante, mas sim uma realidade presente.

Veja o vídeo aqui

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