Rafic Daud, Undandy Shoes
Ser único e irrepetível. Possuir um luxo só nosso, feito à nossa imagem e semelhança. É esta a emoção da Undandy, mais do que uma marca: um sentimento. E Rafic Daud esteve na génese da criação.
Nascia, em 2015, um projeto arrojado e que quebrou todas abarreiras pré-estabelecidas. Uma marca de sapatos, a vender exclusivamente online e…sem coleção. Os designers? Os próprios clientes. Basta aceder ao site da Undandy. Quase simultaneamente temos à escolha milhões de combinações: desde a sola aos cordões.
Consideramos Rafic a mente por detrás do sucesso da marca. Atualmente, a Undandy chega a 140 países: cerca de 60% das vendas tem como destino os Estados Unidos da América.
Eu não tinha qualquer tipo de experiência no setor do calçado ou em comércio eletrónico. Na realidade, a tecnologia só existe para facilitar a conceção do sapato por parte do cliente. O conceito surge naturalmente, depois de nos questionarmos por que não se pode criar sapatos feitos à medida, da mesma forma que podemos personalizar um carro, por exemplo. Como portugueses, estávamos cientes da incrível qualidade na produção de calçado e, atualmente, trabalhamos com uma empresa de terceira geração em São João da Madeira.
Quais foram as maiores dificuldades em entrar num novo setor?
Ter um fabricante que acreditou no projeto quando era pouco mais do que uma ideia foi um desafio. Além disso, seguindo o crescimento extremo da empresa nos últimos dois anos, , a maioria dos nossos problemas de escalabilidade está relacionada com a produção. Passamos da venda de 100 sapatos por mês em setembro de 2016, para mais de 2000 sapatos por mês em mais de 100 países. E continuamos a crescer. Este é apenas o começo; e o negócio tem um potencial enorme que nõ conseguimos calcular neste momento. Estamos no processo de criar a nossa própria linha de produção, mas o desafio real é conseguir escalar para atender à procura crescente, sem comprometer a qualidade. A par da produção, o grande desafio são naturalmente as pessoas. O ritmo a que estamos a crescer torna complicado a integração de novas pessoas na estrutura, adaptação à cultura da empresa, etc.
O modelo de negócios da Undandy é substancialmente diferente do que existe no setor? Conte-me um pouco sobre o seu modelo de negócio ... e quais são as maiores dificuldades
A verdadeira inovação da Undandy, a existir, está claramente no modelo de negócio. Nós permitimos, através da nossa plataforma online, envolver o consumidor no processo de design dos seus sapatos. Num mundo cada vez mais massificado, a exclusividade torna-se crucial e o nosso consumidor valoriza essa possibilidade, pois nunca mais terá problemas encontrar comodamente os sapatos que procura. Por outro lado, somos uma marca “nativa” digital, ou seja, nascemos e vivemos - para já - apenas no mundo virtual. O processo ocorre todo através de um ecrã o que nos permite chegar a consumidores em todos os cantos do mundo e a uma velocidade completamente diferente.
Qual será o futuro da Undandy? O que podemos esperar?
Eu digo sempre que a estratégia passa por uma visão a 10 anos e uma execução a 90 dias. A realidade atual não e compatível com planos a muito longo prazo, pois a evolução da tecnologia acontece a um ritmo tal que tudo o que era inovador o ano passado já se tornou obsoleto. E o processo tem acontecido um pouco por acaso, mas a realidade é que acreditamos cada vez mais que estamos a construir a primeira marca digital nativa integrada na Europa. Assente num setor tradicional e nos seus valores, mas adaptada à realidade atual e futura.
No mundo moderno, acelerado e em constante evolução, é totalmente imprevisível onde esta empresa pode chegar. A nossa visão é tornarmo-nos a referência para marcas de calçado masculino, personalizáveis e de fácil acesso ao cliente, abrindo a nossa própria linha de produção, utilizando tecnologia moderna lado a lado com o fabrico tradicional, bem como expandindo a nossa oferta atual de produtos para incluir outros tipos de calçado e outros produtos, como acessórios masculinos em pele. Queremos trazer de volta os valores tradicionais e a apreciação pelo “handmade”, por meio da tecnologia moderna e, em última instância, inspirar os homens a seguir os passos dos grandes homens que já deixaram a sua marca no mundo.
