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Análise comparativa: Portugal aposta na produção, Itália e Espanha diversificam estratégia

Análise comparativa: Portugal aposta na produção, Itália e Espanha diversificam estratégia

2 Fev, 2022

Dinâmicas de intervenção distintas entre os principais players de calçado europeus


Não é segrego para ninguém. O peso relativo da indústria europeia de calçado na cena competitiva internacional mudou de forma expressiva nas últimas décadas. Se no início da década de 80, a Europa assegurava mais de 30% da produção mundial de calçado, agora queda-se por 3,2%.

Ainda que 2020 seja um ano atípico, fruto do profundo impacto da pandemia no setor, que implicou nomeadamente uma queda da produção em 15,8% face a 2019, certo é que a Ásia respondeu, de acordo com o World Footwear Yearbook, por 9 em cada 10 pares de calçado produzidos à escala mundial.

Entre os principais players de calçado europeus, há dinâmicas de intervenção distinta. A Itália, desde há muito, o produtor de calçado de referência, registou uma quebra de calçado na ordem dos 35% na última década. Em 2020, a produção ascendeu a 131 milhões de pares.
Longe vai o tempo em que Itália produzia, anualmente, cerca de 300 milhões de pares de calçado que, depois, exportava para todo o mundo. Já a produção espanhola recuou de 95 para 72 milhões de pares no espaço de uma década (queda de 24,2%). Portugal, por sua vez, desde 2010, aumentou a produção em 6,5% para 66 milhões de pares. Importa, ainda, realçar que outro realçar que a indústria polaca, muitas vezes entendida como um potencial concorrente, diminui a produção em 20% para 24 milhões de pares. A maior quebra acontece, porém, na Roménia: “trambolhão de 75% para 15 milhões de pares (em 2010 produzia 62 milhões.

Centros de reexportação
Nos mercados eternos, há outros sinais, que merecem uma análise mais fina. Enquanto que a exportação em valor estacionou em Portugal (ligeiro recuo de 0,9% no espaço de uma década) desde 2010, países como Itália, não obstante o recuo em quantidade (menos 26% dos pares exportados no espaço de uma década), conseguiram aumentar as vendas ao exterior. O segredo estará na capacidade de reexportação. Com efeito, Itália exporta bem mais do que produz (exportou 164 milhões de pares e produziu apenas 131), o mesmo acontecendo com Espanha (exportou praticamente o dobro do que produziu). Já as exportações polacas aumentaram 285% para 123 milhões de pares em 2020 (que compara com os 32 milhões de pares exportados em 2010). O modelo de negócios destes países parece, agora, assemelhar-se ao de países como Alemanha (38 milhões de pares produzidos, em 2020, e 301 exportados) e França (14 milhões produzidos, em 2020, e 107 exportados), mas ainda longe da estratégia da Bélgica (sem produção, exporta mais de 243 milhões de pares)  ou mesmo da Holanda (produziu um milhão de pares e exportou 162 milhões, em 2020).
 
A ameaça turca

É um dos grandes produtores mundiais de calçado que, muitas vezes, se parece intrometer no status quo estabelecido. Com a particularidade de se estender do leste da Europa ao oeste da Ásia e mantendo conexões culturais com os antigos impérios grego, persa, romano, bizantino e otomano, a Turquia produziu, em 2020, 487 milhões de pares de calçado, um acréscimo de 180% numa década. Atualmente, a Turquia produz praticamente o dobro de Itália, Espanha e Portugal…juntos.

Também nos mercados externos, a indústria turca vai dando sinais. Atualmente exporta 289 milhões de pares de calçado, em especial para Iraque (56 milhões de pares), Espanha (4,6 milhões de pares) e Rússia (4,4 milhões de pares), mas que representam apenas 463 milhões de dólares. A explicação reside no preço médio do calçado exportado pela Turquia: 2,78 dólares em 2020 (a título de comparação, o preço médio do calçado exportado pela China, em 2020, foi de 4,79 euros). A Turquia, perfila-se atualmente como o 5º exportador mundial de calçado.




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