Apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência
O Primeiro-Ministro anunciou, na passada sexta-feira, que existem 11 mil milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apenas de encomenda pública às empresas para executar diferentes pontos do programa. "Do conjunto deste plano, de encomenda pública às empresas, há 11 mil milhões de euros, para além dos benefícios indiretos, seja o investimento nas qualificações ou na redução de custos de contexto, e para além dos apoios diretos", frisou António Costa, na apresentação do PRR, no Convento São Francisco, em Coimbra.
António Costa afirmou que estes valores vão além dos apoios diretos às empresas previstos no PRR, que são de cerca de 4,9 mil milhões de euros, mas que poderão ir até aos 7,2 mil milhões de euros "para as agendas e alianças mobilizadoras, para a capitalização, para o investimento (através do Banco de Fomento), para o emprego, para a transição digital, para a descarbonização da indústria, para projetos de produção de gases renováveis, para a bioeconomia, para eficiência energética dos edifícios de serviços".
“Para tal” continuou o chefe de Governo, "as empresas são os parceiros fundamentais na execução deste plano". Por outro lado, "há ainda outros investimentos de que as empresas são indiretamente as principais beneficiárias como as qualificações de recursos humanos – quando investimos seriamente no desenvolvimento das competências superiores nas ciências, tecnologias, engenharias, artes e matemáticas, estamos a criar recursos humanos mais qualificados que ajudarão a aumentar o potencial produtivo e a melhorar a sua produtividade", disse.
No que diz respeito às encomendas públicas às empresas, António Costa explicou que "no conjunto deste Plano, há 11 mil milhões de euros para encomendas dirigidas às empresas. Quando falamos em habitação, vão ser encomendadas às empresas; quando falamos na digitalização da Administração Pública ou das empresas, são as empresas que vão desenvolver as aplicações e melhorar a infraestrutura; quando falamos em eficiência energética, são as empresas que vão substituir as janelas e as coberturas, e desenvolver e instalar os painéis solares; quando falamos na mobilidade, são a empresas que vão executar as obras dos metros de Lisboa e do Porto".
O Primeiro-Ministro destacou também outros investimentos no PRR que beneficiam as empresas, nomeadamente a qualificação de recursos humanos, que irá aumentar "o potencial produtivo das empresas", e o investimento "muito forte na redução de custos de contexto", com a aposta em algumas infraestruturas críticas.
O casamento entre o sistema científico e a indústria
Costa realçou ainda a aposta em "fazer algo diferente", ao ser lançado um desafio às instituições de ensino superior e ao sistema científico português para olharem para os produtos da sua investigação, que já estejam num estado de maturidade avançado, e procurarem estabelecer um consórcio para a criação de novas indústrias. "Com uma empresa ou empresas a utilizar nesse conhecimento e transformarem de forma inovadora um produto que melhore o perfil da nossa economia, termos aqui novas indústrias de maior valor acrescentado em áreas inovadoras".
Essa área do PRR tem disponível 1.364 milhões de euros (valor que poderá aumentar) e não pretende apoiar "100 projetos", mas antes "quatro, cinco, seis, sete, oito", num processo "muito seletivo" que aposta em iniciativas que possam fazer "uma diferença significativa", salientou.
"Não faltam nas universidades, nos politécnicos, nos centros de investigação, projetos e saber mesmo à espera de um dote para o casamento necessário com as empresas. É por isso que este programa é muito diferente dos programas que são financiados pelos fundos comunitários".