Belcinto é a primeira empresa de marroquinaria a obter certificação ambiental
Em entrevista ao CTCP, Ana Maria Vasconcelos garante que a sustentabilidade é uma preocupação da empresa desde a sua fundação em 1961.
Como surgiu a aposta na sustentabilidade? O que têm feito neste sentido?
Nascemos em 1961, e desde sempre que a nossa estratégia passou pela sustentabilidade. Fomos acrescentando, ao longo dos anos, produtos novos para podermos gastar excedentes de matérias. Sempre procuramos minimizar os excedentes internos. Por outro lado, cedemos a artesãos e OSFL materiais excedentários para os seus projetos sociais.
Quais as razões pelas quais optaram por realizar a certificação ambiental (ISO 14001)? Que melhorias trouxe para a empresa?
A Certificação Ambiental é uma etapa importante da estratégia presente e futura da empresa. Temos sido alvo de várias auditorias feitas pelos nossos clientes internacionais, quisemos, pois, antecipar e agilizar estes processos, e a Certificação 14001 é adequada e imprescindível para as empresas produtivas.
Consideram a sustentabilidade como ponto de diferenciação?
A sustentabilidade tem sido um pilar desde sempre na nossa marca. Tratamos as pessoas de forma a manter relações duradouras, os produtos para que tenham ciclos de vida longo, e proteger o planeta, reduzindo a pegada ecológica.
É rentável, do ponto de vista económico, apostar em produtos sustentáveis?
Acho que o nosso percurso é reflexo disso. Apostamos em produtos de consumo, onde damos garantia ilimitada, temos hoje 90 trabalhadores, e uma unidade produtiva moderna e preparada para a flexibilidade.
Qual a estratégia de sustentabilidade para os próximos anos?
Formação continua dos nossos trabalhadores, estabelecimento de parcerias com clientes e fornecedores, de forma a estabilizar a cadeia produtiva. Redução da pegada ecológica, processos produtivos mais verdes. Produzimos energia, já com painéis fotovoltaicos, usamos colas 100% base aquosa, introduzimos produtos novos na cadeia produtiva, apostamos na diversificação de clientes e mercados.
Como classifica o papel do CTCP no processo de implementação do sistema de gestão?
Para nós o CTCP é um parceiro muito importante, com quem já trabalhamos há muitos anos. Temos plena confiança nos seus serviços, e juntamente com a equipa interna da Belcinto que trabalhou nesta certificação, estamos plenamente satisfeitos com o resultado obtido.
BELCINTO: Uma história que merece ser contada
A histórica Belcinto, empresa que se dedica ao desenvolvimento e produção de artigos de pele e marroquinaria começou em 1961 em São João da Madeira. A Belcinto começou por produzir cintos de couro, feitos à mão. No entanto, devido ao sucesso dos seus produtos, cedo ampliou a sua área de atuação, passando também a produzir bolsas escolares infantis, bolsas de viagem masculinas, carteiras, chapéus, bolsas e acessórios femininos.
Hoje, 61 anos depois, a Belcinto continua com uma forte presença no mercado nacional e internacional, caracterizada por um legado único de artesanato com qualidade distinta.
Belcinto lança Leather Goods
Recentemente, a empresa de S. João da Madeira apostou na criação da marca Leather Goods, que produz artigos a partir dos restos de matéria-prima de outras coleções, reaproveitando-os e usando-os integralmente, sem gerar novas ‘sobras’ no processo.
“Na Leather Goods impusemo-nos um objetivo sério, difícil e exequível: produzir apenas a partir dos restos de matéria-prima de outras coleções reaproveitando-os e usando-os integralmente, sem gerar novas “sobras” no processo”, revelou Ana Maria Vasconcelos. “Isso obrigou-nos – continuou - a pensar o design com rigor, a inventar novas composições e combinações que mantenham o apelo aos consumidores, a arriscar e a desafiar a criatividade da equipa, partindo de uma ideia que nos é querida - olhar para uma peça em todo o seu potencial, satisfazer de forma cabal as questões de funcionalidade sem deixar de agradar e até surpreender os consumidores, mantendo-nos atuais, mas sem concessões na sustentabilidade”.
Para o lançamento da nova marca, a Belcinto olhou “para as matérias-primas e acessórios há muito parados, como se olha longamente para um tesouro, sabendo o seu valor”. “Experimentamos, recombinamos, pusemos outras hipóteses”, revelou.
Ana Maria Vasconcelos adianta que “o resultado é uma linha profundamente original, com as raízes plantadas no que fizemos antes. Uma linha inusitada e carregada do nosso “saber fazer” e da nossa história”. Trata-se, de resto, “de um trabalho que nos divertiu e nos fez sentir que estávamos a fazer o que era certo”.
Para a responsável da Belcinto “as coisas boas nascem das dificuldades que o processo coloca, da necessidade de fazer com o que se tem, da determinação em fazer durar o que se põe no mercado. Para nós, só fazem falta coisas a que nos ligamos e reforçam o sentido e propósito das nossas vidas e desta empresa”.