A Comissão Europeia reviu em alta o ritmo da recuperação da economia europeia
A Comissão Europeia reviu em alta o ritmo da recuperação da economia europeia. As estimativas para este ano apontam para um crescimento de 4,3% na zona euro e de 4,2% na União, e de 4,4% em ambas em 2022.
As previsões macroeconómicas da primavera foram ontem divulgadas pelo executivo comunitário e invertem a tendência registada nos anteriores exercícios de projeções macroeconómicas. Há três meses, a Comissão, apontando que a economia europeia permanecia "nas garras da pandemia da COVID-19" e estimava que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro crescesse 3,8% e o da União Europeia 3,7%, tendo então agora melhorado em ambos os casos as previsões de crescimento em meio ponto percentual.
Para 2022, segundo avança a Lusa, Bruxelas melhorou a perspetiva de crescimento para as economias da área do euro de uma subida do PIB de 3,8% (antecipada no inverno) para 4,4%, e no conjunto dos 27 Estados-membros de 3,9% também para 4,4%. Em 2020, a economia da zona euro contraiu 6,6% e a do conjunto da União 6,1%.
A Comissão justifica este maior optimismo com os efeitos na economia da campanha de vacinação e com o levantamento progressivo das restrições nos Estados-membros. Bruxelas acredita que isto poderá levar a um aumento do consumo privado, investimento e um aumento da procura das exportações da UE num cenário de fortalecimento da economia a nível global.
Destaque da Comissão para o apoio que os Estados têm prestado às famílias e empresas, que tem sido "vital para mitigar o impacto da pandemia na economia”. Os apoiaram estiveram na base de um aumento considerável da dívida pública, que deverá aumentar este ano meio ponto percentual, para 7,5% do PIB na UE e 8% na zona euro, com todos os países à exceção de Dinamarca e Luxemburgo a apresentarem este ano um défice superior ao limiar de 3% inscrito no Pacto de Estabilidade e Crescimento, cujas regras estão atualmente suspensas.
"A sombra da COVID-19 está a começar a deixar de encobrir a economia europeia. Após um fraco início do ano, projetamos um forte crescimento tanto em 2021 como em 2022", observou Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia, , manifestando-se confiante de que o impacto do pacote de recuperação «NextGeneratnEU» "começará a fazer-se sentir".
"A economia da UE deverá crescer robustamente este ano e no próximo. O ressurgimento da pandemia e a necessidade de apertar as restrições relacionadas com a saúde resultaram num fraco início do ano, mas o ritmo mais rápido das vacinações nos últimos meses deverá permitir que as restrições sejam ainda mais atenuadas no segundo semestre do ano - de facto, isto já está em curso - e assim permitir que a economia recupere", afirmou Gentiloni.
Mercado de Trabalho
Bruxelas acredita que as condições do mercado de trabalho "estão a melhorar lentamente após o impacto inicial da pandemia" e que o pico da taxa de desemprego já foi superado. A Comissão estima que a mesma seja este ano de 8,4% na zona euro, recuando para os 7,8% em 2022, enquanto na UE a 27 se fixe nos 7,6% em 2021 e desça para os 7% no próximo ano.
A nível da inflação, a Comissão espera que esta "varie significativamente ao longo do corrente ano", fixando-se este ano nos 1,7% na zona euro e nos 1,9% na UE, recuando respetivamente para 1,3% e 1,5% no próximo.
O executivo comunitário adverte que os riscos em torno destas projeões "permanecem elevados, e assim continuarão, enquanto a sombra da pandemia da covid-19 ainda pairar sobre a economia".
"Os desenvolvimentos na situação epidemiológica e a eficiência e eficácia dos programas de vacinação podem revelar-se melhores ou piores do que aqueles assumidos no cenário central desta previsão". O executivo comunitário alerta ainda que os Estados-membros não devem retirar prematuramente os apoios em curso no contexto da pandemia, sob pena de prejudicarem a recuperação.