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Calçado adota economia circular

Calçado adota economia circular

13 Nov, 2018

Setor do calçado adota economia circular como modelo de negócio


As empresas de calçado têm seguido, nos últimos anos, um caminho de mudança de paradigma, no que diz respeito à sustentabilidade das suas operações, gestão de recursos e impacto ambiental. Hoje, “mais do que consciencializadas para esta realidade, as empresas começam a adotar a Economia Circular como modelo de negócio”, defende Maria José Ferreira, coordenadora da área de Ambiente do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP).

Porquê uma economia circular?
De acordo com o portal economia “as atuais tendências de aumento populacional, crescimento da procura e consequente pressão nos recursos naturais têm vindo a sublinhar a necessidade das sociedades modernas avançarem para um paradigma mais sustentável, uma economia mais verde que assegure o desenvolvimento económico, a melhoria das condições de vida e de emprego, bem como a regeneração do capital natural".

O paradigma vigente, baseado num modelo linear, confronta-se hoje com questões relativamente à disponibilidade de recursos. Só em 2010 cerca de 65 mil milhões de toneladas de matérias-primas entraram no sistema económico prevendo-se que se atinjam os 82 mil milhões de toneladas em 2020. Este é um sistema que expõe empresas e países a riscos relacionados com a volatilidade dos preços dos recursos e interrupções de fornecimento. Uma economia "mais circular" tem vindo a ser apresentada como um conceito operacional no caminho para a mudança de paradigma, tendo em vista enfrentar os problemas ambientais e sociais decorrentes da globalização dos mercados e do atual modelo económico baseado numa economia linear de “extração, produção e eliminação”.

A economia circular distingue-se como um modelo focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior período de tempo possível no ciclo económico.
 
Na última década, o CTCP tem promovido projetos de IDT que têm uma vertente muito direcionada para esta temática. O projeto NEWALK (2011-2014) “teve como objetivo a inovação nos materiais, explorando as potencialidades do couro, a inovação nos produtos, assente na criatividade, especialização e engenharia, a inovação tecnológica que permitisse o aumento de capacidades do domínio da flexibilidade e resposta rápida do setor e a inovação nos modelos de negócio, tirando partido do potencial das tecnologias de informação e logística”, sublinhou.  Também no âmbito da formação e qualificação, o Centro Tecnológico coordenou o projeto Europeu Step2Sustainability (2013-2016), “formando técnicos com conhecimentos para a implementação de estratégias mais sustentáveis no fabrico de calçado”. Já o projecto em curso FAMEST(2017-2020), e que engloba 23 empresas da fileira, “a temática da Economia circular está patente, através da investigação, desenvolvimento e criação de novos materiais, componentes, tecnologias e designs economicamente competitivos”. Em simultâneo, esta iniciativa pretende “contribuir para a redução de desperdícios gerados durante o processo produtivo das empresas que compõe o Cluster do calçado em Portugal”.

No espaço comunitário, o projeto europeu LIFE GreenShoes4All (LIFE17 ENV/PT/000337), promete “a implementação e disseminação da metodologia da Pegada Ambiental do calçado e o desenvolvimento de um ecodesign eficiente, reciclagem e soluções de manufactura”. 



Empresas beneficiárias

No âmbito do Portugal 2010, as empresas poderão ser beneficiárias de apoios não domínio da economia circular. Para isso terão de optar “por afastar-se do modelo económico linear, baseado em “extrair, transformar, consumir e descartar, assente no pressuposto dos recursos serem abundantes, fáceis de obter e descartar”. Se, como alternativa, “escolherem o modelo económico circular, no qual as fronteiras ambientais do planeta são respeitadas pela conservação e maximização do uso dos recursos. O modelo circular envolve o aumento do uso de recursos renováveis ou recicláveis, a redução do consumo de matérias-primas e energia e, ao mesmo tempo, a diminuição das emissões e perdas de material. O objetivo geral passa pela então pela eficiência e sustentabilidade de todos os recursos”.

Em termos genéricos é importante considerar o eco design, a eficiência de recursos, a prevenção de resíduos, a reciclagem, gestão e os novos modelos de negócio. Estes, assumem um papel relevante na manutenção da utilidade e valor dos materiais e produtos na economia, contribuindo para uma gestão efetiva dos recursos e desenvolvimento sustentável


O que é a economia circular?

Economia Circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e  renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável.
 
Inspirando-se nos mecanismos dos ecossistemas naturais, que gerem os recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem, a Economia Circular promove um modelo económico reorganizado, através da coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados. Caracteriza-se como um processo dinâmico que exige compatibilidade técnica e económica (capacidades e atividades produtivas) mas que também requer igualmente enquadramento social e institucional (incentivos e valores).

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