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Calçado português aposta numa nova geração de produtos

Calçado português aposta numa nova geração de produtos

27 Jan, 2023

Arroz, borras de café, cascas de maça ou garrafas de plástico, na indústria de calçado nada se desperdiça, tudo se transforma


Arroz, borras de café, cascas de maça ou garrafas de plástico, na indústria de calçado nada se desperdiça, tudo se transforma. No âmbito do projeto BioShoes4All, está a ser desenvolvida uma nova geração de produtos.

O Cluster do Calçado assumiu como visão “Ser referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis, reforçando as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação”. Maria José Ferreira assume que “o projeto BioShoes4All tem a ambição de promover uma mudança radical nos materiais, tecnologias, processos e produtos de calçado e marroquinaria, gerando soluções sustentáveis, valorizáveis economicamente no mercado internacional”. “Esta ambição – continuou a coordenadora do projeto - é suportada pelo consórcio de excelência que estabelecemos, composto por 70 parceiros de diferentes setores, desde os recursos biológicos, materiais, produtos químicos, componentes, calçado, marroquinaria, a produtores de tecnologias de produção e softwares, valorizadores de resíduos, comerciantes e retalhistas, que em conjunto irão partilhar recursos, riscos e oportunidades”.

Em traços gerais, o projeto BioShoes4All é cofinanciado pelo PRR, medida C12 bioeconomia sustentável, e “visa o desenvolvimento e a produção de novos biomateriais e componentes e ecoprodutos de calçado e marroquinaria, alicerçados nos princípios da bioeconomia circular e do desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões, criando soluções diferenciadas, valorizadas pelos clientes e consumidores, contribuindo para catalisar uma nova bioeconomia sustentável, a valorização eficiente de biorecursos regionais e nacionais e a descarbonização”.

Adicionalmente, tem como propósito “o desenvolvimento e a aplicação de novas abordagens e tecnologias visando a minimização e a valorização dos resíduos de produção e pós--consumo, e a produção ágil e ecoeficiente de materiais, componentes, calçado e marroquinaria com menor pegada ambiental, reciclados e/ou recicláveis, no contexto de uma economia verde, digital, competitiva e circular, contribuindo para o aumento do ciclo de vida dos materiais, uma gestão mais eficiente dos recursos materiais e energéticos, a neutralidade carbónica e o combate às alterações climáticas, e o aumento da nossa competitividade à escala internacional”.

50 NOVOS PRODUTOS NA CALHA

Nos três próximos anos serão desenvolvidos cerca de 50 novos produtos “com melhor pegada ecológica, implementadas 25 linhas piloto industriais, realizadas mais de 50 publicações e um número alargado de ações de disseminação, promoção e capacitação”, revelou Maria José Ferreira.

A coordenadora do projeto BioShoes4all acredita ser possível o desenvolvimento de biofibras vegetais e biocargas para a
criação de novos materiais e componentes, bioprodutos químicos para couros, novos materiais e calçado, biocouros para calçado
e marroquinaria desejavelmente até 100% biológicos ou funcionalizados como por exemplo resistentes a microrganismos ou
calor ou de materiais alternativos ao couro para o exterior e forros de gáspeas, cintos e bolsas.

Paralelamente, investir-se-á em novos “biopolímeros e materiais biológicos, de origem natural ou sintetizados, para solas, entressolas ou acessórios, termoplásticos, termofixos e compósitos reciclados para componentes, solas, palmilhas ou calçado, novos adesivos, novos produtos de marroquinaria e calçado ecológico com menor pegada ambiental, bem como em ferramentas para a sustentabilidade, rastreabilidade ou circularidade, em tecnologias avançadas e ecoeficientes de produção de couros, materiais, componentes, calçado e marroquinaria, na reciclagem de calçado pós-consumo.

No âmbito do projeto prevê-se igualmente a realização de ações de sensibilização, transferência de conhecimento ou formação-ação e conteúdos de disseminação ou formativos digitais.

CINCO ÁREAS DE INTERVENÇÃO

O BioShoes4All está dividido em cinco pilares de Intervenção (“Biomateriais”, “Calçado Ecológico”, “Economia Circular”, “Tecnologias Avançadas de Produção” e “Capacitação e Promoção”) e, para atingir os objetivos previu “um leque alargado e complementar de ações, incluindo “investigação, desenvolvimento e inovação desde o processo de investigação industrial até à transferência para o mercado”, “inovação em matéria de processos e organização, incluindo novas linhas de produção e investimentos produtivos” e “capacitação, comunicação e promoção ampla do projeto e do cluster à escala nacional e internacional, incluindo conteúdos dirigidos a consumidores, empresas e instituições”.

O PAPEL DE PORTUGAL
NO MUNDO

Estima-se que a indústria da moda seja responsável por entre 2% a 8% das emissões globais de carbono, com grande impacto sobre o clima. Por esse motivo, de acordo com Maria José Ferreira, “é essencial estabelecer e implementar estratégias para evitar o aquecimento global, nomeadamente conter padrões insustentáveis de produção e de consumo e realizar ações que permitam reduzir as emissões de carbono e o impacto ambiental”.

Para a coordenadora do BioShoes4all “a grande capacidade da indústria da moda de comunicar e influenciar os consumidores pode transformar o modelo atual de negócio”.
Acresce que “é necessário otimizar os recursos, avaliar e controlar as emissões de gases com efeito estufa, utilizar fontes de materiais e energia renováveis, bem como materiais, produtos, tecnologias e processos com menor pegada ambiental, para cumprir os limites previstos até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050”.

O BioShoes4All deverá, de acordo com a responsável, contribuir para “a ambição do cluster de se manter na linha da frente da investigação e inovação, em novos segmentos de mercado de produtos de valor acrescentado valorizados pela população, cada vez mais informada e exigente, que procura produtos mais ecológicos, reciclados, de base biológica em alternativa às matérias de base fóssil, produtos com conteúdos de moda, técnicos, funcionais, customizados e rastreáveis, que respondam às necessidades e desejos dos clientes e consumidores, contribuindo para a descarbonização e a dupla transição climática e digital, resolvendo constrangimentos identificados e aproveitando oportunidades emergentes”.

No BioShoes4All o Pilar 1 propõe-se a um estudo e ao desenvolvimento de novos biocouros, biomateriais, biocompósitos, componentes e processos, por incorporação de materiais de base biológica, incluindo biomassas e subprodutos agroindustriais, redução no uso de matérias sobretudo de base fóssil, aumento da eficiência de uso de recursos e eliminação de substâncias críticas.

O Pilar 2 assume o desenvolvimento de estudos metodológicos de ecodesign e pegada ambiental dos produtos, de novos conceitos de calçado e marroquinaria ecológicos com menor pegada ambiental, duráveis, reparáveis, recicláveis, diferenciados, customizáveis com elevado valor acrescentado.

O Pilar 3 visa o desenvolvimento e demonstração de soluções para regenerar/valorizar as principais tipologias de resíduos de produção do Cluster e iniciar a valorização de produtos de pós-consumo, aumentando a circularidade nos processos produtivos ao longo das cadeias de valor e as simbioses industriais.

O Pilar 4 disponibilizará tecnologias inovadoras para a “digitalização” vertical e horizontal do Cluster do Calçado 4.0, nomeadamente soluções para rastreamento dos processos produtivos e produtos, planeamento avançado, automação/
robotização de operações de produção críticas e introdução de eco processos de fabrico.

O Pilar 5 procederá à preparação e à execução das ações de Capacitação e Promoção e Disseminação globais do projeto, em articulação com os trabalhos a realizar em cada um dos Pilares.

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