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Calçado português ataca mercado coreano

Calçado português ataca mercado coreano

1 Jul, 2024

Arranca esta semana o evento promocional em Seoul


Começa esta semana o evento promocional em Seoul organizado pela APICCAPS e AICEP e que contará com o apoio do Programa Compete2030. No total, 12 empresas portuguesas vão participar no Portuguese Shoes Showcase Seoul e apresentarão o melhor da oferta portuguesa.

A conquista de novos mercados de elevado potencial de crescimento é, desde há muito, uma prioridade estratégica para a indústria portuguesa de calçado. As exportações extracomunitárias representam atualmente 19% do total do setor, mais do dobro do registado uma década antes.  O preço médio do calçado português exportado para a Coreia do Sul ascendeu, em 2023, a 66 euros, mais do dobro da média do setor.

De acordo com a Universidade Católica “mercados em crescimento oferecem melhores perspetivas de sucesso comercial”. A Católica admite que “o mercado potencial do calçado português é constituído pelos consumidores que têm um rendimento igual ou superior à média do PIB per capita dos países da OCDE em 2020, ou seja, cerca de 38 500 dólares”. 

Com base na informação disponível, estima-se que haja no mundo 145 cidades que albergam mais de 500 mil clientes potenciais, para o calçado português. Cerca de 2/3 dos investimentos do setor deverá centrar-se na Europa ou EUA, mas também há oportunidades identificadas na Coreia do Sul e no Japão.

De acordo com o Presidente da APICCAPS “é preciso reconhecer que o mercado internacional do calçado está em profunda transformação, passando por alterações nos hábitos de consumo, assim como na afirmação de novos modelos de negócio”. O grande imperativo do setor do calçado passa pelo “reforço muito substancial da presença nos mercados internacionais, para onde exportamos mais de 90% da nossa produção”.

No último ano, Portugal exportou 84 mil pares de calçado, no valor de 5.6 milhões de euros para o país asiático. Já de acordo com World Footwear Yearbook, em 2022, a Coreia do Sul importou 251 milhões de pares de calçado, em especial de China (quota de mercado de 71‰), Vietname (17‰) e Indonésia (7‰).
 
Com uma população de 52 milhões de pessoas, com um PIB per capita de 32 250 dólares (que compara com os 24 522 dólares de Portugal), a Coreia do Sul “merecerá uma avaliação mais atenta dos empresários portugueses”, de acordo com o Gabinete de Estudos da APICCAPS.
 
O fenómeno coreano

 
A Coreia do Sul despontou internacionalmente no universo da moda, beleza, cultura pop, muito especialmente junto das populações mais jovens.
 
O fenómeno coreano não é recente. No início do século, chegou a ser apelidado na China de Hallyu ou febre coreana. O cinema e as séries televisivas, o cinema e mesmo a música sul-coreana têm hoje adeptos em todo o mundo.

De acordo com Osvaldo Alencar Billig e Amanda Paiva da Silva no estudo “A expansão do hallyu: o uso da diplomacia cultural e seus impactos na economia sul-coreana”, este fenómeno “teve início nos anos 90 e começou a expandir-se nos anos 2000”, tendo como objetivo “melhorar a imagem da Coreia do Sul no exterior e, consequentemente, sua economia indiretamente e diretamente”.

O Governo de Seul privilegiou “a diplomacia cultural para criar uma marca da nação e mudar drasticamente a imagem do pai?s no exterior”, investindo por isso de forma muito particular no setor cultural. Importa recordar que a Coreia do Sul passou grande parte do século XX em regimes militares autoritários e só se democratizou em 1988. O país asiático é um bom exemplo internacional de smart power, combinando o poder político ao potencial económico. Gigantes coreanas como a Hyunday, Kia, LG e, principalmente, Samsung são exemplos disso.

O streetwear, quase omnipresente na moda da geração Z, também ganha público cativo na moda coreana. De acordo com a Business of Fashion, “o mercado sul-coreano prefere marcas locais, mas as marcas europeias vislumbram no país uma imensidão de oportunidades”. A Seoul Fashion Week cresce a cada edição e já é vista como uma das grandes semanas de moda fora do circuito principal de moda.
 


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