Resultados do Inquérito COVID às empresas
Nem todos os sinais são, por esta altura, consistentes. Com efeito, estima-se que as empresas estivessem a utilizar em fevereiro 77% da sua capacidade produtiva normal para a época do ano. Previsivelmente este indicador não sofrerá grandes oscilações em março.
Apesar de alguma recuperação nos últimos meses, uma parte significativa das empresas (40%) prevê ainda que nos próximos seis meses tenha de proceder à suspensão das atividades produtivas. Contudo, destas, apenas 14% acredita que seja por mais de 1 mês. A grande maioria das empresas, 60%, revela, ainda assim, que não prevê qualquer suspensão da atividade laboral.
As dificuldades ao nível do abastecimento das matérias-primas são, por agora, a seguir à redução das encomendas internacionais (74% dos inquiridos) a maior preocupação para as empresas. Já o absentismo ronda agora os 25% (que compara com os 36% há um mês). Das empresas inquiridas, 51% dizem que preveem utilizar os apoios à formação e 22% das empresas indicam que estão a utilizar neste momento o mecanismo da retoma progressiva.
As perspetivas para os próximos meses continuam negativas. Recorde-se que também o ano de 2021 promete ser exigente. No Boletim Trimestral de Conjuntura editado pela APICCAPS há 20 anos, em colaboração com a Universidade Católica do Porto, concluiu-se que “com a chegada da terceira vaga da pandemia, as empresas não esperam uma alteração significativa nas tendências que marcaram o ano transato”
Calçado português
na “radiografia” mundial
O ano de 2020 foi extremamente difícil para as empresas portuguesas de calçado. No final, a indústria portuguesa de calçado lamenta uma quebra de 16% das vendas ao exterior.
Portugal exportou, em 2020, 61 milhões de pares de calçado, no valor de 1.494 milhões de euros (quebra de 16,3%). No mesmo período, as exportações europeias recuaram 18,6%. Entre os principais concorrentes, Itália (oito mil milhões exportados) regista uma quebra de 23% e Espanha de 16,1% (2,4 mil milhões).
Também o Brasil, outro player muito relevante do setor, sofreu com os efeitos da pandemia. No final de 2020, as exportações recuaram 18,6%. Já a produção recuou 21,8%. De acordo com Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria de Calçado) “a atividade está a voltar à normalidade. A abertura do retalho, que absorve mais de 85% das vendas do setor, é fundamental para alavancar a indústria”.