O calçado português subiu, nas últimas semanas, às principais passarelas da moda internacionais
Depois de Londres, Paris. Depois de Paris, Nova Iorque. O calçado português subiu, nas últimas semanas, às principais passarelas da moda internacionais.
“No âmbito do projeto Bioshoes4all, marcas de calçado têm-se associado a designers internacionais de referência, desenvolvendo parcerias criativas que se esperam duradouras”, revelou Paulo Gonçalves. “Em termos práticos, se a indústria portuguesa de calçado tem a experiência acumulada e mesmo a capacidade instalada para responder aos mercados internacionais, os jovens designers revelam uma visão fresca e renovada do mercado”, razão pelas qual “este tipo de trabalho consumo tende a beneficiar todos os intervenientes”.
A investida começou em Londres, com a ligação entre a Reve de Flo e Patrick McDowell. O jovem designer inglês que nas palavras de Anna Wintour, diretora da Vogue Americana, “procura reinventar o luxo através de uma visão sustentável da moda”, inspirou-se no ballet de Frederick Ashton, “A Tragedy of Fashion”, de 1926. Numa colaboração com Rambert, e com a coreografia do diretor artístico da companhia de dança, Benoit-Swan Pouffer., dançarinos e modelos surpreenderam na principal passarela londrina.
“Como designer de roupa, mergulhar no mundo do calçado foi como uma criança descobrir uma nova caixa de brinquedos. Trabalhar com a APICCAPS e com a Reve de Flo foi eficiente e inspirador”, considerou Patrick McDowell, que prossegue a sua carreira internacional, depois de se ter formado na Central Saint Martin, uma das mais consagradas escolas de moda do mundo, que formou nomes como Alexander McQueen, John Galliano ou Stella McCartney.
“Procuro sempre o melhor artesanato e fiquei muito feliz por explorar o melhor do mercado português através do desenvolvimento de modelos de calçado que refletiam o tema da dança”, sublinhou McDowell.
Já em julho, o calçado da Valuni subiu à passerelle principal da Semana da Moda de Paris, através de uma parceria com Bianca Saunders, a designer do ano em Inglaterra, de acordo com a GQ e a British Fashion Council. Reconhecida internacionalmente pela perspetiva moderna que tem sobre a moda masculina, Bianca Saunders acredita que trabalhar com a Valuni foi “uma escolha natural”. Tendo focado o seu trabalho em silhuetas contemporâneas enraizadas nas tradições do Caribe Britânico, Saunders considerou ser esta colaboração uma oportunidade para estender o espírito da sua marca também ao calçado. “O compromisso da Valuni com a qualidade e o saber-fazer acumulado alinha-se perfeitamente com os valores da marca”, defende Bianca. Graças à experiência de Valuni, o processo foi muito célere, com protótipos a materializarem-se a partir dos esboços de Bianca em apenas algumas semanas. “A ampla experiência da Valuni tem sido fundamental para dar vida à nossa visão. São um parceiro de referência para a produção de calçado”, conclui Saunders.
Mais recentemente, já no início de setembro, em Nova Iorque, materializou-se a parceria entre a histórica Mariano e Presley Oldham, um designer de joias de terceira geração, nomeado para o CFDA/Vogue Fashion Fund, e que pretende alargar a sua área de influência a outros segmentos de negócio. O que atraiu Oldham para o setor português do calçado foi “o valor que a APICCAPS dá ao artesanato. “É algo que valorizo no meu trabalho quotidiano, especialmente no espetáculo que estou a produzir. É utilizar muito artesanato que está um pouco perdido no tempo e mostrá-lo de novas formas”, afirmou. “Estou a usar muitas flores antigas com contas dos anos 40 e a montá-las de novas formas. Até mesmo a técnica que utilizo é usada em rosários há milhares de anos, mas codifiquei-a no meu próprio sentido para a minha marca.” O apoio que a APICCAPS proporciona nestas parceiras é igualmente um atrativo para Oldham. “Estão realmente a apoiar a indústria, o que é algo muito admirável e que penso que deveríamos trazer para os Estados Unidos”, defendeu.
De acordo com o porta-voz da APICCAPS “para um setor que exporta mais de 90% da sua produção, importa assegurar uma presença constante nos mercados externos”. Para Paulo Gonçalves estas parcerias criativas são uma “ferramenta de eleição para apresentar a excelência do calçado português”.