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CEFPI: Há 40 anos a apoiar a diversidade cognitiva

CEFPI: Há 40 anos a apoiar a diversidade cognitiva

27 Jan, 2023

Entrevista com Olga Figueiredo, diretora do CEFPI


“Todas as pessoas têm direito ao acesso a uma atividade profissional que as realize e as empresas, entidades públicas e privadas e toda a comunidade têm um papel fundamental na criação destas oportunidades”. A consideração é de Olga Figueiredo, diretora do Centro de Educação e Formação Profissional Integrada (CEFPI). A instituição foi criada em 1981 e promove respostas no âmbito da formação e emprego para todas as pessoas que pretendem qualificar-se. Ao longo dos últimos 40 anos, apoiou muitas pessoas com diversidade cognitiva na construção do seu projeto de vida, organizou percursos formativos ajustados às necessidades das pessoas e desenvolveu processos de validação e certificação das competências escolares e profissionais através do Centro Qualifica, aberto a toda a população. Com um trabalho exímio nas áreas em que atua, fundou uma Unidade de Produção em Vila Nova de Gaia que se dedica a três áreas de atuação: pastelaria e doçaria, jardinagem e embalagens. E as oportunidades de sinergia com a indústria do calçado estão ainda por explorar.


Olga Figueiredo afirma que “o CEFPI é um centro protocolar do IEFP que promove respostas de formação e emprego para pessoas com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento”. Este centro trabalha há 41 anos e tem como missão “apoiar as pessoas nos seus percursos de inclusão no sentido de poderem ter a sua vida organizada, poderem aceder ao mercado de trabalho e realizarem-se como cidadãos. Estes foram desde sempre os objetivos que regularam toda a organização da nossa atividade que abrange várias dimensões”.


A diretora do CEFPI explica que “a primeira dimensão do centro, corresponde a um serviço de avaliação e orientação profissional que apoia as pessoas que nos procuram num processo ativo de descoberta de talentos. Apostamos num processo em que as pessoas são envolvidas e ajudadas a conhecer as suas competências e interesses pessoais e vocacionais. Para o efeito envolvemos as escolas, as famílias e os Centros de Emprego, através de um processo de articulação estreito. São facultadas experiências práticas relacionadas com as diferentes áreas profissionais que facilitam o autoconhecimento progressivo e a definição de um projeto pessoal e profissional”. Em segundo lugar, o CEFPI tem “uma área da formação profissional; um serviço que apoia as pessoas na capacitação para o desenvolvimento das suas competências, tanto na área tecnológica, como no aprofundamento das competências escolares e pessoais, um processo que culmina sempre com a formação prática em contexto de trabalho. Estabelecemos acordos de cooperação com as empresas e outras entidades para facultarem as condições de aprendizagem necessárias para promover a empregabilidade dos formandos. Disponibilizamos


também ações de atualização de competências, formações para profissionais que intervêm nos processos de inclusão e adultos que pretendem aumentar as suas qualificações, apostando na aprendizagem ao longo da vida como forma de valorização e promoção da qualidade de vida dos abrangidos”.


Por outro lado, “enquanto Centro de Recursos do IEFP,IP, apostamos em pleno na criação de condições de excelência nos procedimentos de articulação com os serviços de emprego, empresas, entidades públicas e privadas. Procuramos encontrar oportunidades de trabalho, após a formação, através das medidas específicas de apoio à contratação. As equipas multidisciplinares do CEFPI fazem a mediação com as entidades empregadoras, de forma a garantir o emparelhamento perfeito entre o projeto profissional de cada formando e as necessidades das empresas. No fundo queremos que cada pessoa encontre um posto de trabalho adequado onde se sinta realizado e que a entidade também se sinta satisfeita com o seu desempenho enquanto colaborador”.


Em 1995, para complementar todos os instrumentos de apoio já existentes, foi criada a Unidade de Produção em Vila Nova de Gaia que atualmente proporciona uma atividade profissional a 110 pessoas em regime de emprego apoiado| protegido. “Temos três áreas produtivas: padaria e pastelaria, embalagem e jardinagem. Trabalhamos com uma equipa dedicada e profissional centrada numa lógica de sustentabilidade, focada em respostas de qualidade aos clientes e na procura continua de receitas próprias. O que pretendemos é que cada pessoa se possa realizar profissionalmente e que os clientes apreciem o nosso trabalho e reconheçam o seu valor”.


A Unidade de Produção tem a responsabilidade de “garantir o exercício de uma atividade profissional a pessoas com dificuldade intelectual e do desenvolvimento, que têm um contrato de trabalho que lhes permite recursos financeiros para organizar a sua vida pessoal e familiar. O trabalho realizado por estas equipas de colaboradores da Unidade de Produção tem altos padrões de qualidade. Estamos certificados pela ISO 9001/2015 e temos como preocupação proporcionar condições de desenvolvimento e bem-estar a todos os nossos trabalhadores sem descurar uma dinâmica produtiva que garanta a sustentabilidade deste setor de atividade”, explica Olga Figueiredo


Além disso, continua a responsável, “dispomos de um Centro Qualifica, aberto a toda a comunidade, que apoia as pessoas que pretendem melhorar as suas qualificações escolares (básico e secundário) e em diversas áreas profissionais, na sua capacitação e certificação, nomeadamente através do processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC)”.


Medidas de apoio à contratação


Olga Figueiredo admite que ainda existe um longo caminho para alterar a visão da sociedade sobre as pessoas com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento. “Continuam a existir muitos preconceitos e muitas barreiras. Talvez exista pouca informação e seja necessária uma maior divulgação junto da opinião pública e, de preferência, centrada em testemunhos de boas práticas”. No entanto, a responsável pelo CEFPIC admite que existe um aumento progressivo “da consciencialização geral para a importância do Emprego Inclusivo, mas esse processo ainda se encontra muito aquém do desejável”. “Quando as empresas integram trabalhadores com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento, quase todas ficam muito mais sensíveis e compreendem o contributo que estes trabalhadores podem representar para as suas equipas”.


Importa, por isso, promover as medidas que já existem de apoio à contratação. “No âmbito do Emprego Inclusivo, as empresas podem recorrer aos incentivos e apoios do IEFP,IP e à sua rede nacional de Centros de Recursos para a Qualificação de pessoas com deficiência e incapacidade. Estas medidas de apoio técnico, financeiro e tecnológico, são facilitadoras destes processos de inclusão profissional, destacando-se a adaptação de postos de trabalho, a eliminação de barreiras arquitetónicas, o apoio à colocação e o acompanhamento pós-colocação”.


Por outro lado, a responsável realça a “medida do Emprego Apoiado em Mercado Aberto que consiste no exercício de uma atividade profissional com enquadramento adequado e apoios especiais por parte do Estado e visando o desenvolvimento de competências relacionais, pessoais e profissionais que podem ser facilitadores da inclusão das pessoas com deficiência e incapacidade no mercado de trabalho”.


Sinergias com a indústria de calçado


O CEFPI e o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado (CFPIC) assinaram recentemente um protocolo de colaboração, cujo objetivo é “alavancar projetos inclusivos que possam potenciar a abertura da indústria do calçado à colocação de pessoas com diversidade cognitiva”.


Assim, “a Unidade de Avaliação e Orientação vai integrar informação sobre a indústria do calçado e marroquinaria de forma a alargar as possibilidades de opção vocacional e capacitação dos formandos que se revejam a trabalhar neste sector. Vamos organizar com o CFPIC workshops e formações para potenciar estas experiências”, explica Olga Figueiredo.


“Ao nível da Unidade de Produção estamos sempre a procurar inovar e diversificar, fidelizando os atuais clientes e atraindo novos clientes, para garantir uma maior sustentabilidade. Estamos


muito recetivos a novas áreas de negócio, pois temos uma equipa preparada para desenvolver todo o seu potencial e dar um contributo na indústria do calçado”. Como tal, a responsável pelo CEFPI garante que “é muito importante que as empresas possam conhecer o nosso trabalho, a nossa experiência de 41 anos, porque acreditamos nos nossos recursos humanos, na capacidade que têm para dar uma resposta com elevada qualidade e relevância às empresas. Estamos muito confiantes nesta parceria a desenvolver em 2023 e na recetividade das empresas para a afirmação de uma cultura organizacional inclusiva na indústria do calçado”.
















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