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China: um segredo chamado Xinjiang

China: um segredo chamado Xinjiang

28 Jul, 2020

Coligação internacional exige que marcas retirem a produção da província de Xinjiang


Uma coligação de organizações da defesa dos direitos humanos acaba de exigir às grandes insígnias internacionais que deixem de recorrer aos fornecedores localizados na província de Xinjiang, na China. Ao que tudo indica, na região existe trabalho forçado com os uigures, uma minoria muçulmana.

A coligação End Uyghur Forced Labour in China Now agrega um conjunto de 190 organizações pela defesa dos direitos humanos de 35 países. O grupo exige que marcas como Adidas, Lacoste, Nike, H&M, C&A, Zara, Ralph Lauren, Muji ou Calvin Klein deixem de recorrer a fornecedores localizados em Xinjiang.

A província é responsável por cerca de 20% do algodão produzido a nível mundial e por 84% do algodão produzido na China, o maior produtor desta matéria-prima a nível mundial. Habitualmente, o algodão produzido na província é enviado para fábricas noutros pontos do mundo, principalmente as localizadas em países asiáticos como o Bangladesh, o Camboja e o Vietname. De acordo com o relatório da coligação, pelo menos um em cada cinco produtos de vestuário, feitos de algodão, vendidos no mundo têm origem no trabalho forçado da minoria uigur em Xinjiang.

Entre os abusos reportados está a detenção arbitrária em campos de trabalho forçados, tortura, separação forçada e esterilização das mulheres para controlar a natalidade. As organizações acusam as marcas de continuarem a manter parcerias lucrativas, mesmo com conhecimento sobre a situação e denunciam muitas marcas que aceitam subsídios do Governo local para beneficiar do trabalho forçado dos uigures.

“As marcas globais precisam de se questionar sobre o quão confortáveis estão ao contribuir para uma política genocida contra o povo uigur”, afirmou ao The Guardian Omer Kanat, director executivo do Projecto de Direitos Humanos Uigur.

Um segredo bem guardado?

Mas esta situação não é nova. Já em 2018, um painel da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos revelou a existência relatórios sobre a existência um milhão de chineses da minoria étnica uigures que são mantidos num “enorme campo de internamento” que, ao que tudo indica, é mantido em segredo.

São muitas as denúncias contra o tratamento de Pequim aos uigures. Esta é uma minoria muçulmana, que fala uma língua turca e que está localizada em campos de detenção da província do noroeste chines.Segundo o Governo local estes campos são intitulados como de “reeducação” e servem para ajudar os uigures a fugirem do extremismo islâmico e a integrarem-se na sociedade.

As organizações denunciam, pelo contrário, uma perseguição religiosa contra esta minoria, que tem como objetivo impedir que os uigures falem a sua língua ou pratiquem a sua religião.

O Governo chinês impôs um autêntico estado policial na província, com recurso a vigilância eletrónica e tem adotado medidas para controlar a natalidade dos uigures e diluir a etnia. Deixar crescer a barba ou utilizar o véu islâmico podem levar a detenções, de acordo com o jornal Público.

As denúncias sobre esta situação têm crescido nos últimos meses.



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