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Comércio de calçado com quebra a nível internacional penaliza indústria portuguesa

Comércio de calçado com quebra a nível internacional penaliza indústria portuguesa

15 Fev, 2024

Ano de 2023 negativo para a indústria de calçado a nível mundial


Depois de um ano de 2022 de forte crescimento, o ano transato foi negativo para o setor de calçado à escala mundial. Entre os dois grandes blocos económicos, assinala-se um recuo das importações de calçado na ordem dos 30% nos EUA (dados finais) e de 11% na Europa (dados de outubro)*, com destaque, pela negativa, para as quebras de 16% na Alemanha, 13% no Reino Unido e 11% em França.

Em resultado, todos os grandes players do setor terminaram 2023 altamente penalizados pelo abrandamento económico a nível mundial. Os cinco principais produtores mundiais de calçado, respetivamente China (quebra de 13% na totalidade do ano), Índia (recuo de 17% nos primeiros 11 meses do ano), Vietname (perda de 17% até novembro), Indonésia (menos 19% até novembro) e Brasil (queda de 11% na totalidade do ano) registaram perdas muito expressivas em 2023. Em conjunto, estes cinco países asseguram praticamente 80% da produção mundial, o equivalente a 19 mil milhões de pares de calçado. Já Portugal, recuou 8,2%.

“O abrandamento económico internacional, em particular em mercados de grande relevância como a Alemanha, a França ou os Estados Unidos penalizou fortemente o setor do calçado no plano externo”, considera Paulo Gonçalves. “A indústria portuguesa de calçado exporta mais de 90% da sua produção, pelo que está sempre dependente da evolução dos principais mercados externos”, sublinhou o porta-voz da APICCAPS. “Trata-se no essencial de um problema de mercado: a pouca procura e o excesso de stocks no mercado condicionou a atividade exportadora portuguesa”, concluiu.
Em 2023, a indústria portuguesa de calçado exportou 66 milhões de pares de calçado, no valor de 1839 milhões de euros. Relativamente ao ano anterior, assinala-se uma perda de 11,3% em quantidade e 8,2% em valor. Já o preço médio aumentou 3,45% para 27,70 euros o par.

O calçado português foi particularmente afetado pelo fraco desempenho da economia alemã, com uma quebra de 5,6% para 406 milhões de euros. Ainda no espaço europeu, destaque, pela negativa, para o recuo nos Países Baixos (menos 13,7% para 259 milhões de euros), Reino Unido (queda de 9% para 115 milhões de euros) e Dinamarca (recuo de 28,5% para 71 milhões). A indústria portuguesa de calçado viu igualmente interrompida a trajetória de crescimento no mercado norte-americano, recuando 11,3% para 101 milhões de euros. Recorde-se que os EUA foram, de resto, o grande mercado à escala mundial com pior desempenho. “A boa notícia é que o ano de 2023 já passou.

Temos a expectativa de que a recuperação económica de alguns dos nossos principais mercados, crie oportunidades para as empresas portuguesas já este ano”, concluiu Paulo Gonçalves, da APICCAPS.

CALÇADO CONSOLIDA CLUSTER
A fileira de calçado e artigos de pele exportou 2.222 milhões de euros no último ano. Relativamente ao ano anterior, assinala-se perda de 5,1%. Nota de destaque para o setor de artigos de pele e marroquinaria que cresceu 14% para 310 milhões de euros. Já o setor de componentes para calçado aumentou as vendas ao exterior em 13,6% para 73 milhões de euros. “Temos vindo a consolidar o cluster de calçado e de artigos de pele em Portugal”, defendeu Paulo Gonçalves. Em resultado, no âmbito do Plano Estratégico, há a intenção de investir 600 milhões de euros até final década. “É o nosso maior sinal de confiança: independentemente dos ciclos conjunturais, acreditamos nas empresas e no seu potencial”.

* Em conjunto, EUA e Europa representam 61% das importações mundiais de calçado.

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