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Couro: Muitas vezes copiado, nunca igualado!

Couro: Muitas vezes copiado, nunca igualado!

8 Mar, 2021

"Falsas" alternativas ao couro prejudicam indústria europeia


“Couro: Muitas vezes copiado, nunca igualado!” deu o mote para uma ação concertada das associações da indústria do couro a nível europeu: “O Couro é couro!”. Na verdade, na União Europeia, "couro" não é um termo legalmente protegido e as numerosas alternativas a este produto utilizam o termo “couro” nas suas descrições. Termos como couro vegan ou biocouro são amplamente difundidos, numa tentativa de algumas marcas se apropriarem das propriedades únicas do original. Erradamente.

A COTANCE (a organização representativa das associações europeias da indústria de curtumes) quis saber se essas alternativas podem afirmar ter as mesmas vantagens que o couro. Para o efeito, foram adquiridas amostras desses materiais e disponibilizadas a um laboratório independente alemão, o FILK de Freiberg, que analisou as propriedades de nove dos materiais mais frequentemente referenciados como alternativas ao couro. O resultado deste trabalho "Materiais de Tendência alternativos ao Couro” foi agora divulgado. E as conclusões são mais do que esperadas: “nenhum dos materiais testados demonstrou ter todas as características de desempenho ao mesmo nível do couro e alguns contêm substâncias químicas preocupantes”.

De acordo com a COTANCE, os danos destas utilizações abusivas são muito elevados para a indústria. Feitas as contas, o prejuízo ronda os  1700 milhões de euros ao ano, correspondentes a cerca de 20% do volume de negócios do setor, num setor que emprega 33 mil trabalhadores na Europa e 3500 em Portugal e uma faturação anual de oito milhões de euros. Se forem consideradas as indústrias a jusante (calçado, marroquinaria, indústria automóvel, etc) os valores disparam para um volume de negócios de 125 mi milhões de euros em toda a Europa, mais de 40 mil empresas e dois milhões de trabalhadores.

A APIC – Associação Portuguesa da Indústria de Curtumes – também se associou a este movimento europeu. A associação quer o termo couro e seus derivados protegidos, em nome da competitividade. "A falta de regulamentação, nacional e europeia, é muito prejudicial ao setor porque permite o seu uso para promover materiais substitutos sem que lhes possa ser movida qualquer ação judicial", explicou o secretário-geral da APIC, ao jornal Dinheiro Vivo. Gonçalo Santos sublinhou também que esta a situação está a "limitar a competitividade" da indústria de curtumes.

A associação tenta, agora, que o governo português siga o exemplo de países como a França, Itália, Bélgica ou Espanha, que já têm legislação nacional de proteção à autenticidade do couro. A APIC enviou uma carta ao Ministério da Economia e já elaborou, em conjunto com o IAPMEI, uma proposta de decreto-lei sobre esta matéria.

“O termo couro, pele – leather – tem sido alvo de crescentes utilizações abusivas, incorretas e até enganadoras dos consumidores e da opinião pública em geral", pode ler-se na missiva enviada ao Ministério da Economia.

O Couro. Conheça a carta enviada pelas associações europeias.

Porque é o Couro tão apetecível para ser imitado?
O fascínio por um dos materiais mais antigos e naturais do mundo permanece inalterado. Não é de admirar porque o couro está em todo o lado e sempre de forma versátil. Não só dá um toque nobre à moda, ao calçado, acessórios e ao mobiliário, como confere ainda muitas propriedades funcionais como a durabilidade, resistência ao rasgo e respirabilidade.

O couro tem a sua origem como um subproduto da indústria das carnes. As fábricas de curtumes europeias processam as peles e couro em bruto que sobram da produção da comida. Se este processamento não existisse, estes teriam de ser depostos. Nenhum animal é abatido para a produção de couro na UE.

O fabrico do couro é um processo técnico complexo que envolve muita destreza manual. É, portanto, muitas vezes mais dispendioso que o processo produtivo das suas imitações. Adicionalmente, não está disponível em quantidades ilimitadas. Por estas razões, a investigação e desenvolvimento dos substitutos do couro está a avançar a toda a velocidade. Nos anos mais recentes, os materiais renováveis têm sido o foco das atividades de investigação e desenvolvimento.

De acordo com o relatório do FILK, estes novos materiais podem ser divididos em três grupos: Materiais com uma base predominantemente natural, tal como o “MuSkin”, que não utilizam plásticos; os que são predominantemente feitos de plásticos; e produtos feitos exclusivamente de plásticos, tal como o PVC ou PU clássicos. Um exemplo destes produtos do grupo do meio é o "Desserto", uma mistura de matérias-primas naturais (fibras de cactos) e plástico (um tecido têxtil feito de poliéster com duas camadas de poliuretano no topo); neste caso a composição do material é 65% poliuretano.

Estes materiais são publicitados como sendo uma alternativa ao couro mais amiga do ambiente. Contudo, existe frequentemente uma falta de transparência, com ausência de informação concreta acerca da sua composição e as suas propriedades são simplesmente omitidas. É aqui que entra o estudo "Materiais de Tendência alternativos ao Couro”.

Postos à prova: propriedades materiais do couro e dos seus substitutos
Numa primeira inspeção, alguns destes substitutos pouco diferem do couro. Adicionalmente, as suas designações comerciais utilizam frequentemente a palavra “couro”, à qual muitos consumidores associam às características positivas da qualidade do couro.

Portanto, o estudo examinou a natureza e os atributos físicos destes materiais alternativos. Os especialistas do FILK executaram vários testes físicos e químicos normalizados em nove recentes substitutos, alternativas em plástico e, como referência, também em couro genuíno.

O original é sempre melhor que a cópia
Dentro da série de testes, os especialistas também analisaram as características típicas do couro, tais como resistência ao rasgo, quebra do acabamento, permeabilidade ao vapor de água e a absorção do vapor de água em todos os materiais.

Concluíram que nenhum dos substitutos analisados pode verdadeiramente ser designado como uma “alternativa” ao couro.
O progresso técnico permitiu que as propriedades individuais dos materiais testados sejam semelhantes em alguns aspetos, mas isso não foi de modo algum verdadeiro em todos. Em particular na permeabilidade ao vapor de água e na absorção do vapor de água estes registaram desempenhos muito abaixo do couro.

O couro é também superior aos seus concorrentes em termos de longevidade e de vida útil, tal como demonstrado no seu desempenho superior nos testes de durabilidade, tais como a flexibilidade e a resistência ao rasgo.
O resultado do estudo documenta que até ao momento, o couro é de longe muito superior aos seus substitutos com todas as suas propriedades naturais. Nenhum outro substituto pode afirmar que supera o couro em toda a linha. Sem qualquer pode ser afirmado que os vários materiais testados não conseguem substituir o original. É fundamental que os clientes e os consumidores percebam o défice de desempenho dos materiais alternativos e levem isto em linha de conta e em devida consideração para se assegurarem de que os produtos que compram terão um desempenho de acordo com as suas expectativas.

Leia o relatório científico do laboratório FILK aqui.

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