Conclusão é de um estudo do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia
O estudo do GEE identifica, ainda, duas tipologias de empresas que, a partir de Portugal, podem expandir os seus negócios. Por um lado, empresas de setores “em que Portugal pode absorver mais competências e aumentar a sua representatividade dentro do mercado comunitário, por lhe ser reconhecido elevado grau de especialização”. Por outro lado, um segundo grupo de empresas que “não sendo a escolha mais óbvia para substituir fornecedores extracomunitários, por não lhe ser reconhecido elevado grau de especialização, apresenta alguma especialização e capacidade instalada que lhe pode permitir, com alguma prospeção de mercado, aproveitar algumas oportunidades de exportação”.
Dos dez setores anteriormente identificados – cujo valor acrescentado bruto representa atualmente 54% de todo o VAB exportado pela economia portuguesa – destaque para o setor do calçado, vestuário e têxtil. De acordo com o estudo do GEE, existem em Portugal mais de 2900 empresas a operar nesta área, sendo o País o quinto maior exportador mundial em valor neste tipo de bens, a seguir a Itália, Espanha, Alemanha e França.
“Portugal tem a maior vantagem comparativa revelada na União Europeia neste setor (calçado, vestuário e têxtil), e pode no curto prazo aproveitar a oportunidade para abastecer os mercados comunitários que não estão especializados, substituindo os respetivos fornecedores do mercado extracomunitário”.
Acresce que, continua o documento, “o mercado da UE é bastante representativo, uma vez que absorve cerca de metade das exportações de têxteis, vestuário e calçado. Em 2017, “existiam 2903 empresas portuguesas exportadoras de bens, com atividade principal registada neste sector, a abastecer directamente o mercado comunitário (5,8% de todas as empresas exportadoras de bens em Portugal), o que compara muito bem com os restantes países europeus para os quais se conhece informação”.
Existe, portanto, “uma forte orientação para os mercados externos, com forte visibilidade e presença no mercado europeu e o setor apresenta também uma capacidade instalada capaz de responder ao desafio da procura externa acrescida, com um impacto significativo para a economia nacional”.
Os outros setores
Também o setor da madeira, cortiça e papel mereceu destaque no estudo desenvolvido pelo gabinete tutelado pelo Ministério da Economia. Portugal é especializado nestes setores e tem fortes vantagens comparativas. “Em termos absolutos, dentro da UE, Portugal é o décimo primeiro principal exportador de valor acrescentado gerado pelo setor (da madeira, cortiça e papel) para o mundo. O mercado europeu absorve quase metade destas exportações e mobiliza um número elevado de empresas exportadoras, mais de 1600”.
Mas não é só. Também os setores do alojamento e da restauração têm uma janela de oportunidade. São dos maiores empregadores da economia nacional e, apesar do abrandamento provocado pela pandemia, continua a ser um setor muito “competitivo em comparação com outros países”. Aliás, “Portugal é o sétimo principal exportador de valor acrescentado gerado no sector alojamento e restauração, para o mundo. O mercado da UE é muito representativo, absorvendo 44% destas exportações”.