APICCAPSAPICCAPSAPICCAPS
Facebook Portuguese Shoes APICCAPSYoutube Portuguese ShoesAPICCAPS

De volta aos negócios

De volta aos negócios

30 Set, 2021

Com os negócios a retomar à normalidade, estarão os sapatos clássicos de volta?


Ainda que o efeito da pandemia no setor do calçado tenha sido menor do que o esperado, há vários segmentos de produto que sofrerem em demasia com os processos de confinamento. O regresso à normalidade é, assim, uma oportunidade para muitas empresas.

“Portugal tem uma forte tradição na produção de calçado de excelência. A evolução do processo de vacinação e o regresso progressivo à normalidade são uma excelente notícia para a indústria portuguesa de calçado”, sublinhou o Presidente da APICCAPS. Na primeira metade do ano, as exportações portuguesas de calçado aumentaram já 12%. Uma tendência que deverá, agora, ser aprofundada.  De acordo com Luís Onofre, “ainda que os estudos internacionais apontem para uma recuperação do setor à escala internacional apenas em 2023, acreditarmos que o próximo ano seja já á afirmação plena do calçado português nos mercados externos”. Para isso, “prevemos integrar 16 ações promocionais no setor já nos próximos seis meses, com destaque para o regresso aos EUA e ao Japão, para além da presença em todos os principais certames europeus”.

Clássicos de regresso à MICAM
A MICAM, o maior certame profissional da atualidade, marcou o regresso aos palcos internacionais de algumas empresas especificas no segmento clássico. 

Para alguns foi mesmo um regresso com sabor a estreia.  É assim que se pode definir a participação da Mariano Shoes na feira de Milão. Depois de ser adquirida pela empresa All Around Shoes, em 2019, este é o regresso da empresa aos certames no exterior. Depois da participação na Pitti Uomo, foi agora a vez da maior feira de calçado do mundo.

“O objetivo da marca sempre foi a internacionalização, mas quando começou a pandemia tivemos de colocar a internacionalização em segundo plano e canalizar os investimentos para o marketing digital”, diz Fátima Oliveira, responsável pela Mariano. Assim que a oportunidade surgiu, o regresso foi inevitável. “Queremos colocar a marca nas melhores montras mundiais e a presença nas feiras internacionais é uma forma de mostrarmos ao mundo que estamos presentes”.

Hugo Manuel Shoes também integrou o grupo de estreantes na MICAM. A marca pertence a empresa Hupa Shoes que conta com mais de 40 anos de experiência no setor do calçado. Especializado na produção de sapatos clássicos de homem, a marca esteve em Milão para dar a conhecer a aposta em novos segmentos de produto, como os sneakers ou os sapatos clássicos mais modernos e confortáveis. "O mundo dos negócios está a mudar e, em períodos de dificuldade, temos de nos adaptar”, destacou diz Alexandre Santos, designer da empresa.

"Assumimos os desafios que nos foram apresentados como oportunidades e encaramos o futuro coma determinação e perseverança que sempre nos caracterizou", diz Rui Pontes. O responsável do grupo A&R Pontes explica que "continuando a manter a qualidade dos nossos produtos aos níveis habituais - garantindo a excelência das matérias primas, o valor do design e a qualidade da produção - procuramos diversificar, criando novas coleções e colocando no mercado produtos inovadores. Atuamos num segmento alto e sabemos que os nossos sapatos são distintos e vamos continuar a trabalhar de modo a que continuem a sê-lo em qualquer contexto".

"Agora que sentimos o regresso à normalidade até já sentimos que há uma procura crescente de modelos mais clássicos!" a conclusão é de Pedro Sampaio. O responsável pela da Mazoni acredita que "a indústria portuguesa continua a oferecer uma flexibilidade e rápida capacidade de resposta que não é comparável com outros países produtores de calçado. Aliado a este fator competitivo temos ainda a vantagem de termos um cluster muito bem desenvolvido e preparado para dar resposta às grandes tendências que o mercado solicita, como materiais mais sustentáveis e toda a temática ecológica que é preponderante hoje em dia para praticamente todos os clientes".

A empresa de Felgueiras é responsável pela marca Dark Collection. Pedro Sampaio acredita que depois de "meses bastante difíceis com quebras tremendas neste segmento, tivemos a necessidade de procurar alternativas quer no imediato, quer pensando também nas épocas futuras em diferentes segmentos nomeadamente desenvolvendo calçado de senhora ou linhas mais desportivas. Esta resolução acabou por ajudar-nos bastante na retoma sentida já nesta época de outono-inverno e esperamos que também para a próxima época de verão!

Para Rui Pontes, "a indústria portuguesa de calçado tornou-se sinónimo de qualidade e tal foi possível porque o know-how foi sendo desenvolvido ao longo de décadas, tornando os profissionais portugueses alguns dos melhores do mundo".

As razões do sucesso, na opinião do responsável pela A&R Pontes passam pelo "investimento de Portugal em si mesmo e pela aposta na qualidade que décadas de conhecimento trouxeram para nos distinguir, tanto no mercado europeu como pelo resto do mundo".

"Para além disso, o nosso país tem um dos clusters de calçado mais reputados do mundo, fortemente empenhado em capacitar a indústria com tecnologias inovadoras, que permitem uma excelente capacidade de resposta e qualidade, e em apoiar uma constante evolução no desenvolvimento de respostas sustentáveis. Por fim, mas não menos importante, o facto de Portugal ser considerado um dos países mais seguros do mundo é uma enorme vantagem competitiva face a outros países e é hoje um fator decisivo para a captação de investimento. Atualmente, o selo “Made in Portugal” é um sinónimo de qualidade, mas também de personalidade, e isso torna a indústria portuguesa de calçado num parceiro de eleição que conquista cada vez mais a atenção e a lealdade dos clientes".
 

O impacto da pandemia
A produção e as exportações mundiais de calçado caíram 15,8% e 19%, respetivamente, de acordo com World Footwear 2021 Yearbook. O efeito da pandemia no setor do calçado foi menor do que se esperava. Também o calçado português resistiu melhor do que os concorrentes internacionais.

Ao nível da produção, Portugal registou uma quebra de 13,2% para 66 milhões de pares, cerca de metade da quebra registada por Itália (quebra de 26,8% para 131 milhões de pares) e de Espanha (26,5% para 72 milhões de pares).

No plano externo, Portugal continua a apresentar, entre os principais produtores mundiais, o 2º maior preço médio de exportação, não obstante o esforço significativo de diversificar a oferta, através de produtos em matérias-primas alternativas à pele. No segmento específico do couro, Portugal perfila-se como o 9º exportador mundial, com uma quota de 3,1%, mas é no segmento de calçado impermeável que Portugal mais se distingue: é atualmente o 4º a nível mundial, com uma quota de 3,7%.



Partilhar:

Últimas Notícias