“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és” é um bom ditado da nossa tradição, mas quando o assunto é moda podemos facilmente alterar para “diz-me o que usas, dir-te-ei quem és”. Ou pelo menos é isso que pensamos depois das Semanas de Moda Masculinas.
Nesta estação, Paris e Milão foram o grande foco do verão 2025, com Londres a perder alguma relevância no cenário das Fashion Weeks e Berlin a começar a ganhar um lugar “à mesa” dos adultos.
Eis alguns destaques que deve reter sobre estas semanas de moda.
A febre dos sneakers parece estar a arrefecer e a prova disso são as poucas propostas desportivas que estas semanas de moda apresentaram. O calçado volta às origens mais clássicas, numa reinvenção contínua do design e dos acabamentos. O desfile da Dior foi um bom exemplo disso. Numa passerelle que contou com a obra do ceramista Hylton Nel, o diretor criativo da marca, Kim Jones, concentrou-se nos elementos do artesanato, no saber-fazer dos ateliês e dos artesãos que trabalham para a Maison: “esta é a alma da Dior”.
Nos acessórios Kim Jones apostou em peças divertidas e práticas. Destaque para o calçado que, nesta estação, vai procurar inspiração aos sapatos de trabalho mais tradicionais: os tamancos (em inglês clog). Evitando a imagem clichê e adotando uma forma mais consagrada de sapato ou bota, os tamancos da coleção são todos feitos à mão, utilizando materiais nobres como madeira e couro.
A Semana de Moda Masculina de primavera/verão 2025 de Milão e feira comercial Pitti Uomo de Florença foram claras numa tendência: a alfaiataria, em todas as suas formas, surgiu como um elemento-chave para a moda masculina na estação quente do próximo ano.
O clássico parece ter voltado definitivamente à passerelle. Não só em silhuetas, mas em tecidos e padrões. Da mesma forma, os sapatos assumem as formas mais clássicas. Mas há algo que ficou dos tempos áureos dos sneakers é: o conforto.
Rick Owens e os espetáculos-desfile
Vamos a contas: 10 looks apresentados 20 vezes num total de 200 modelos. Uma apresentação, ao som da Sinfonia nº 7 Allegretto de Beethoven. Foi esta a proposta de Rick Owens na Paris Fashion Week. Estamos perante um novo conceito de apresentação?
O designer já nos habituou a apresentações fora dos formatos tradicionais. Aliás, na estação anterior o cenário de fundo foi a sua própria casa. Mas para a estação quente de 2025, Owens foi ainda mais longe. “Depois da intimidade da temporada passada na casa de Owens, esta sequência de Hollywood na esplanada do Palais de Tokyo foi de uma grandeza de arrepiar”. Quem o diz é a Vogue Runway.
Rick Owens formou, literalmente, um exercício branco. E não foram só modelos que encheram a passerelle: "Depois do desfile temporada passada, percebi que o casting era muito restritivo e acabei a excluir muitas pessoas. Então, nesta temporada, quis convidar todos”.
Londres perde velocidade. Berlin ultrapassa pela esquerda
A Semana de Moda de Londres tem vindo a perder força na cena internacional. Milão e Paris reforçam a sua presença, e Berlim aparece como alternativa.
Num “renascimento” que começou há dois anos, a Berlin Fashion Week (BFW) está a encontrar o seu lugar. Pelo menos é esse o statement da Vogue Business, em fevereiro de 2024 “há mais apoio para jovens criativos, com foco particular em marcas que são inclusivas e sustentáveis, e o burburinho crescente em torno do evento é palpável”.