Maria João Lima, Jóia Calçado
Uma nova geração de talentos emerge na indústria de calçado em Portugal. São jovens, ambiciosos e enfrentam o maior desafio das suas vidas: suceder num setor que, nas ultimas décadas, palmilhou novos mundos.
Formou-se em direito e sonhou ser advogada, mas é na industria de calçado, desde 2009, que vai mostrando provas de maturidade. Em maio de 2017, assumiu a presidência da Assembleia-Geral da APICCAPS.
Porque decidiste escolher o setor do calçado para trabalhar?
Certamente, o facto de a empresa ter origem familiar teve influência na minha escolha, sem prejuízo de ser uma área muito cativante, mesmo para quem não tenha raízes neste ramo.
Que mudanças sentes que estão a acontecer no setor?
Apercebo-me, precisamente, de que faço parte de uma geração que vive essa mudança. E sinto que também contribuo e faço parte dessa transição. É interessante estar nesta posição de adaptar, com equilíbrio, os novos paradigmas de gestão face à herança ainda presente que temos da geração anterior e que nos confia essa missão. É um desafio diário e a responsabilidade é enorme. Mas, a nossa determinação em fazer tão bem e ainda melhor, é um desafio assumido.
As mudanças, como em todos os setores, são constantes. Daqui por 20 anos, o que agora digo poderá não fazer sentido. A evolução tecnológica e os recursos de que dispomos são, por um lado, determinantes e facilitadores, mas também originam problemas e desafios.
Seremos capazes de incorporar as componentes de inovação e criatividade no desenvolvimento da nossa atividade tradicional como forma diferenciadora face a concorrência, ganhando competitividade? O cliente atual tem exigências e requisitos bem mais elaborados. A personalização e o detalhe do artigo, a elevada qualidade, a capacidade quase imediata de resposta e a crescente tendência de se procurar algo que seja diferenciado.
Quanto à imagem positiva que o setor tem vindo a alcançar, temos de atribuir mérito ao forte contributo que a APICCAPS tem dado. O impulso que deu através da criativa campanha da “Indústria Mais Sexy” tem resultados bem visíveis. Associar essa imagem à indústria, que desde sempre atraiu público feminino e masculino, parece ter feito sobressair o culto pelo bom gosto nos sapatos, pela moda, pelo conforto. Este mundo é de facto sedutor. E nós, envolvidos no processo de criar o sapato, assumimos essa paixão, naturalmente.
Que conselho darias a um jovem que está a começar na indústria?
Diria que, apesar da ideia mais cinzenta do contexto fabril ligada à produção, hoje em dia o setor é surpreendentemente agradável, com uma responsabilidade social constante e crescente. A vasta gama de categorias profissionais especializadas é certamente uma forma de chamar jovens, os quais, com empenho, talento, criatividade e formação adequada, podem contar com uma carreira em que evoluam e se sintam realizados.