Chama-se TraceLeather, é uma ferramenta de codificação e sistema de informação, e que permite, desde já, assegurar a rastreabilidade das peles utilizados na indústria do calçado.

No âmbito do Projeto RARISS (Raças Autóctones, Rastreabilidade, Inovação e Soluções Sustentáveis), que tem na empresa de curtumes Couro Azul o promotor líder e CEI, Kyaia, CTCP (Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, CTIC (Centro Tecnológico das Indústrias do Couro) e IPB ( Instituto Politécnico de Bragança), foi desenvolvido uma “ferramenta que representa um avanço significativo na industria de calçado, ao integrar soluções inovadoras que abrangem desde uma plataforma web até sistemas de marcação ágil, leitura de códigos de rastreabilidade, novos eco processos de produção de couros e produtos de calçado”, revelou o Maria José Ferreira. DE acordo com a responsável do Centro Tecnológico do Calçado, “o resultado final consiste na criação de produtos de maior valor agregado com um menor impacto ambiental, apoiados pelo conhecimento científico”.

Uma das principais motivações por trás do desenvolvimento do TraceLeather passa por “garantir a rastreabilidade das peles e dos couros utilizados na indústria. A rastreabilidade desempenha um papel crucial no mercado atual e no futuro, pois busca aumentar a transparência em toda a cadeia de valor do produto”, defendeu Maria José Ferreira. Por esse motivo, “com esta ferramenta os consumidores terão acesso à cadeia de valor do produto, desde o nascimento e criação do animal, até à obtenção do produto final, incluindo características e processos de transformação. Além disso, a rastreabilidade permite o acesso a informações sobre o desempenho ambiental, responsabilidade social e substâncias restritas, atendendo às crescentes preocupações ambientais e sociais dos consumidores”.

Em traços gerais, a transparência associada ao produto exige que as empresas tenham um profundo conhecimento sobre todos os estágios da cadeia de valor e comuniquem essas informações aos stakeholders internos e externos. Isso inclui detalhes sobre onde, por quem, como e quando os produtos são produzidos. Nesse contexto, o Projeto RARISS “estabeleceu como um dos seus principais objetivos o desenvolvimento da plataforma TraceLeather para rastrear a origem dos couros. Esta plataforma permite o registo das peles, atribuindo a cada uma um código único de identificação que contém informações essenciais para a rastreabilidade. Existem dois níveis de informações disponíveis: um para os clientes e outro restrito à empresa detentora dos materiais”.

O protótipo da Ferramenta de Codificação e Sistema de Informação TraceLeather foi desenvolvido para integrar informações relacionadas com a origem dos animais, além das informações disponíveis na base de dados nacional. Isso inclui registos e deslocações dos animais, condições de bem-estar e saúde animal desde o nascimento até o abate, bem como informações sobre a qualidade da pele, regime de criação e aspetos ambientais, conforme estabelecido pelo referencial de saúde e bem-estar para bovinos de raças autóctones.

A disponibilização dessas informações estará disponível no website do TraceLeather (traceleather.ctcp.pt), oferecendo aos consumidores uma visão completa e transparente do percurso dos produtos de couro, desde a sua origem até às sua utilização final. Este avanço representa, na ótica de Mari José Ferreira, “um importante passo em direção a uma indústria do couro mais sustentável, transparente e ética”.