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Diário de um confinamento: Paulo Martins

Diário de um confinamento: Paulo Martins

19 Jan, 2021

Paulo Martins, Celita Comércio e Indústria


É responsável pela marca Ambitious Shoes, da empresa mãe Celita - Comércio e Indústria, Lda. Acredita que 2021 será um ano de grandes desafios e que o segundo semestre poderá ser de retoma.

No ano que findou, as empresas foram testadas ao limite. Que soluções encontrou para minimizar os efeitos da pandemia?
Parte da nossa capacidade de produção passa pela subcontratação, pelo que uma das soluções foi a redução do número de subcontratados. Toda a nossa produção interna esteve a laborar a 100%.

Que avaliação faz às medidas apresentadas pelo Governo?
Na minha perspetiva, as medidas foram uma boa ajuda para fazer face ao primeiro impacto dos efeitos da pandemia, contudo as empresas estão a pagar um custo muito alto para usufruir dos financiamentos aprovados.
Deveria ter sido criado um sistema menos penalizador para as empresas, onde as taxas de juro e custos associados, entre os quais comissões dos agentes financeiros, fossem muito reduzidos ou até zero!

Que expectativas tem para o ano de 2021?
Penso que o primeiro semestre do ano será caracterizado por uma diminuição do volume de negócios, tendo em conta os “lockdowns” atuais que certamente continuarão até meados/finais de abril. Isto para além de inibir a atividade comercial dos retalhistas, dificulta o nosso papel na apresentação e venda das nossas novas coleções de FW21. Como sabemos a base da nossa atividade passa pela proximidade que temos com os mercados e em particular com os nossos clientes e, neste seguimento, espero que as limitações de circulação de pessoas não dificultem ainda mais o nosso trabalho comercial.
O segundo semestre, espero sinceramente que corresponda ao início do regresso à “normalidade”, sendo certo que necessitaremos de umas quantas épocas para retomar os valores de 2019! Espero que os nossos clientes consigam aguentar e ultrapassar este período difícil, assim como espero que as Seguradoras de Crédito consigam dar o apoio devido às empresas no sentido de assegurar as transações económicas.

O que tem a indústria portuguesa para oferecer aos seus clientes?
A indústria, e em particular o setor de calçado, tal como já o provou ao longo de 2020, pode oferecer estabilidade, credibilidade, segurança e uma continua inovação e adaptação dos produto que apresenta. Apesar de todas as dificuldades que surgiram, o setor continuou a produzir, criar, inovar, a apoiar todos os seus clientes e sempre com todas as normas de segurança exigidas pela atual conjuntura.
Estas são, segundo o meu ponto de vista, mais valias que podemos oferecer a todos os nossos atuais e futuros clientes.

Este ano, o nosso país começa a beneficiar de um pacote extraordinário de medidas de apoio, a famosa «bazuca europeia». Que expectativas tem relativamente a esse pacote de medidas?
Obviamente que depois de toda a “propaganda” feita à “bazuca europeia”, tanto as minhas expectativas, como a de tantos outros empresários são as melhores, espero é que estas venham realmente apoiar as empresas onde elas mais precisam. Os últimos meses têm sido difíceis e exigido um esforço adicional dos empresários em manter os postos de trabalho e a reinventarem as suas estruturas internas, pelo que todos estamos à espera que possamos ser recompensados por tudo isto. Tendo isso em consideração a minha expectativa é que os fundos provenientes da União Europeia sejam efetivamente distribuídos pelas empresas sem que para isso seja necessário igual investimento da parte dos empresários, ou pelo menos não nos mesmos moldes como até aqui.

Se do ponto de vista do negócio, o ano de 2020 foi particularmente difícil, o que mudou na sua vida pessoal nestes últimos meses?
Pessoalmente mudou praticamente tudo! Até à pandemia, boa parte do nosso tempo, incluindo fins de semana, eram passados a viajar. Visitas a clientes, participação em feiras, sourcing de materiais e pesquisa de mercado era o nosso dia-a-dia. Hoje a situação é completamente diferente! As feiras foram canceladas, nem todos os clientes estão disponíveis para nos receber, as limitações para viajarmos são tantas que acabamos por não sair. De qualquer modo, temos de ver o lado bom que é estarmos bastante mais próximos da nossa família, aqueles que mais sentem a nossa ausência em tempos “normais”.

Saudade foi a palavra eleita pelos portugueses para resumir o ano der 2020. De que sente mais saudades?
Acima de tudo tenho saudades do contacto com outras pessoas, assim como da agitação diária característica deste setor, das viagens e por fim saudade da motivação para fazer mais e melhor.
 
 


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