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Diário de um desconfinamento: Nuno Marinho, Itaflex

Diário de um desconfinamento: Nuno Marinho, Itaflex

9 Fev, 2022

“O planeta necessita urgentemente de atitudes verdadeiras e, para isso, não basta esverdear o marketing”


Nesta edição do Diário de um (Des)confinamento, falamos com Nuno Marinho, responsável pela Itaflex.

“O planeta necessita urgentemente de atitudes verdadeiras e, para isso, não basta esverdear o marketing”

A pandemia trocou literalmente as voltas ao setor do calçado. De que forma se adaptou a sua empresa a este período crítico?
Na relação direta com os clientes nacionais tudo se tratou com alguma normalidade, apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia.
Foi no âmbito do mercado internacional que sentimos as maiores dificuldades, nomeadamente, pela ausência de feiras e viagens. Tal obrigou e potenciou a comunicação digital, através de todos os meios ao nosso alcance (email, whatsapp, zoom, skype, pombo correio (risos) ), sendo que estas ferramentas foram usadas de forma a garantir que as relações comerciais não fossem afetadas. Desta forma, a fluidez de novos desenvolvimentos, realização e conceção de amostras, entre outros, ficou assegurada.

Considera que o pior já passou?
Não. Tal como em qualquer catástrofe, há efeitos posteriores que se sentirão a médio e longo prazo…  De lamentar que, num momento de renascimento para uma nova forma de ser e de estar, não exista uma séria e profunda reflexão para agarrar uma oportunidade tão boa de se alterar, retificar e melhorar consciências e paradigmas.

Será 2022 um ano de afirmação do calçado português no exterior?
Desde 1998 que assisto a uma constante afirmação do calçado português face aos mercados, pelo que 2022 não será exceção.

Quais são as principais dificuldades que sente nesta altura?
Infelizmente muitas; e passam por variadas vertentes, desde a social - que se reflete ainda numa enorme inércia e baixa proatividade perante as adversidades - até à industrial, pela falta de mão-de-obra e dificuldades com matérias-primas. Neste último ponto, importa salientar não só o aumento constante de todos os materiais, como também a escassez com que a nossa indústria se depara.

Passada esta “tormenta”, o que ficou? Antevê alterações ao nível do perfil do consumo ou mesmo da estratégia de subcontratação das grandes marcas internacionais que favoreçam, por exemplo, uma relação de maior de proximidade?
De certa forma ficou uma maior solidariedade para com o próximo, valores algo adormecidos foram despertados, novos hábitos criados e, com isso, os perfis de consumo foram alterados. Com efeito, assistimos a uma ascensão fenomenal das vendas online e, consequentemente, tiveram de ser criadas novas cadeias de abastecimento para a acompanhar.

Com tudo isto, algumas plataformas industriais nacionais podem serem beneficiadas pelos mais diversos fatores: rapidez de produção e resposta à necessidade do cliente, proximidade, localização, fiabilidade e segurança no cumprimento das entregas, etc. Mas, à semelhança do passado, reside a incerteza do até quando, visto que outros países (que não se enquadram na mesma estrutura social e salarial que Portugal) poderão futuramente volta a ser mais ‘’apelativos’’ pelos preços praticados.  

A sustentabilidade veio para ficar ou é, na sua opinião, uma moda passageira?
Espero e desejo profundamente que a sustentabilidade seja uma moda ETERNA e a seguir no imediato.  O planeta necessita urgentemente de atitudes verdadeiras e, para isso, não basta esverdear o marketing; é necessário assumir uma postura Macro e Micro, ou seja, tudo é importante .     

O que tem a indústria portuguesa de calçado para oferecer nos mercados externos?
De forma frontal e inequívoca a resposta é simples: Tem tudo! Mas, no meu entender, a questão que se devia colocar deveria ser: o que falta a indústria de calçado portuguesa oferecer para ser reconhecida como a Melhor do Mundo?  Resumidamente, a resposta é simples e há muitos anos que é respondida por muitos intervenientes do setor: ‘’Não falta nada, temos tudo”.

Foto de João Saramago

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