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Diário de um desconfinamento: Pedro Coelho, Tofel

Diário de um desconfinamento: Pedro Coelho, Tofel

24 Jan, 2022

Entrevista a Pedro Coelho, da Tofel


Depois de dois anos de particular complexidade, é altura de regressar aos mercados e procurar novas oportunidades de negócio. Diário de um desconfinamento é uma nova rubrica da APICCAPS que procura apalpar o pulso ao setor e dar voz aos seus protagonistas.

Entrevista a Pedro Coelho, da Tofel.
Foto de João Saramago


“Paciência de chinês para ultrapassar a pandemia”



A Pandemia trocou literalmente as voltas ao setor do calçado. De que forma se adaptou a sua empresa a este período crítico?
A empresa foi se adaptando, dia a dia, pois a informação era mínima, tudo era novo, estranho, as incertezas muitas…

Como procuraram reagir?
Aproveitamos os tempos mais calmos em termos de desenvolvimentos, pois estava tudo parado sem saber o rumo a seguir, e fomos desenvolvendo novos sistemas, aptidões, construções de sapatos que até aqui não fazíamos, de forma a cobrir mais um ou dois nichos de mercado que pensávamos que com a pandemia iriam ou poderiam crescer.

Resultou essa estratégia?  
Felizmente está a correr bem.
Esse período de adaptação assentou no facto de termos um vasto e diversificado leque de clientes, que permitiu minimizar os impactos da pandemia.

Considera que o pior já passou?

Infelizmente penso que não, aliás como qualquer tsunami (ainda que em sentido figurado, o coronavírus tem algumas semelhanças), existe um efeito imediato de catástrofe, mas depois há todo um processo de recuperação que muitas vezes é mais ou tão difícil de superar, que a própria catástrofe em si. No setor empresarial, há parceiros que, a jusante ou a montante, ficaram pelo caminho.

Vai ser difícil a recuperação?

Vai ser lenta e exigir uma certa paciência de chinês (risos).

Será 2022 um ano de afirmação do calçado português no exterior?

O calçado português já se afirmou há bastante tempo no exterior, precisa apenas que a conjuntura global estabilize.

Quais são as principais dificuldades que sentem nesta altura?
Essencialmente, falta de mão-de-obra. É a nossa principal preocupação.
A outro nível, os constantes aumentos dos preços exigem quer estejamos a maior parte do tempo a renegociar condições com os nossos clientes. Por fim, a falta de matéria-prima e os seus constantes atrasos tornam qualquer exercício de planeamento demasiadamente ingrato.

Passada a pandemia, haverá alterações ao nível do perfil do consumo ou mesmo da estratégia de subcontratação das grandes marcas internacionais que favoreçam, por exemplo, uma relação de maior de proximidade?
O perfil do consumo alterou-se significativamente. Tenderemos todos a consumir mais racionalmente do que emocionalmente (por impulso) o que irá implicação uma redução do consumo, facto que afetará seguramente que produção se reajuste. Acredito que as grandes marcas ao verem o consumo e produção a diminuir, deverão repensar as suas estratégias e privilegiar as relações de proximidade, pelo menos para algumas das suas produções.

A sustentabilidade veio para ficar ou é, na sua opinião, uma moda passageira?
Começou como uma moda passageira, mas passou a ser mais uma responsabilidade inevitável nos dias de hoje. Todos têm a ganhar com isso.

O que tem a indústria portuguesa de calçado para oferecer nos mercados externos?

Paixão, muita paixão.  Do ponto de vista industrial, poderemos marcar a diferença pela inovação, flexibilidade, competência, qualidade, criatividade, transparência, rapidez de resposta. Temos excelentes argumentos competitivos para nos impormos internacionalmente.



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