Dados do inquérito de conjuntura
A este inquérito, alusivo ao 2º trimestre deste ano, que recolheu 86 respostas de empresas de calçado, responsáveis por praticamente metade do volume de negócios do setor, pode ler-se que, no segundo trimestre, “se acentuou a tendência de abrandamento da atividade da indústria de calçado que vem de meados de 2022”.
A maioria das empresas continua “a considerar que o estado dos negócios é suficiente ou bom, mas a carteira de encomendas e a produção diminuíram e a tendência de subida dos preços que se observou nos últimos dois anos parece ter-se esgotado”. A insuficiência de encomendas de clientes estrangeiros, por sua vez, “voltou à liderança das dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor, depois de dois anos em que esse lugar coube ao abastecimento de matérias-primas”. De igual modo, “diminuíram as referências a escassez de mão-de-obra qualificada”.
Apesar deste cenário de abrandamento da atividade, “a larga maioria das empresas não alterou o número de pessoas ao seu serviço e as referências a dificuldades financeiras não aumentaram”.
Para o próximo trimestre, “as empresas preveem a manutenção destas tendências, com um ligeiro agravamento da insuficiência de encomendas de clientes estrangeiros” As previsões para o estado dos negócios são também as menos favoráveis dos últimos dois anos: “embora quase dois terços das empresas antecipem que o estado dos negócios seja suficiente, as que acreditam que será mau excedem em 26 pontos percentuais as que que dizem o contrário”.
A tendência de abrandamento da conjuntura observada em Portugal “é partilhada pelos seus concorrentes europeus”. De acordo com o Eurostat, no segundo trimestre o volume de produção de calçado na União Europeia caiu 13,3%, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. A quebra terá sido de 20,3% em Espanha e de 10,6% em Itália. Em contrapartida, na Turquia, a produção terá aumentado 18,7%. Em relação ao primeiro trimestre do ano, as variações foram negativas, mas bastantes menores, cerca de -1,6% na União Europeia e -3,7% na Turquia. Os preços na produção de calçado aumentaram 7,6% em relação ao trimestre homólogo, no conjunto da União Europeia, com um crescimento muito mais forte em Itália (11,8%) do que em Espanha (4,4%). Em relação ao trimestre anterior, o aumento foi muito mais modesto, apenas 1,3% na UE, com 0,7% em Espanha e 2,3% em Itália”.