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Entrevista a Maria Celeste Hagatong, Presidente da COSEC

Entrevista a Maria Celeste Hagatong, Presidente da COSEC

30 Jul, 2020

“A COSEC continua a sua missão de apoiar as empresas na sua atividade comercial no mercado doméstico e nos mercados internacionais”


Numa época marcada pela incerteza do futuro, as seguradoras de crédito assumem um papel muito relevante, principalmente para o crescimento das empresas exportadoras. Falámos com a presidente da COSEC, Maria Celeste Hagatong.

A COSEC assinou recentemente um protocolo com a Direção Geral do Tesouro e Finanças para comercializar Seguros de crédito de Curto Prazo com Garantia de Estado. O que podem esperar as empresas da execução das medidas previstas nesse protocolo?

Este Protocolo tem em vista permitir às empresas disporem de maiores coberturas para as suas exportações para países da União Europeia e desenvolvidos da OCDE, face às limitações impostas às companhias de seguro de créditos em virtude do forte agravamento do risco decorrente da crise económica gerada pela pandemia do COVID19. Assim, através deste Protocolo as empresas podem aderir a uma nova apólice garantida pelo Estado, através da qual os seus plafonds são elevados até ao máximo do valor dos plafonds atribuídos pela seguradora, isto é, podem duplicar.

Para aceder a esta Facilidade basta ser já cliente da COSEC e apresentar uma candidatura através da COSECnet.
A adesão pelas empresas a esta Facilidade tem vindo a ser crescente de dia para dia e já temos várias dezenas de apólices emitidas ao abrigo da mesma e um interesse demonstrado por um vasto número de empresas.

Foi sem dúvida importante a disponibilização desta Facilidade para as empresas exportadoras terem condições para elevarem as coberturas por seguros de créditos para as suas vendas a prazo, em especial nesta fase de retoma das economias europeias e dos países desenvolvidos da OCDE, principais mercados de exportação das empresas portuguesas.

Uma vez que esta crise é mais grave e é mais global do que a que vivenciamos em 2008/2011, porque é que, ao contrário do que aconteceu nessa  fase, não está prevista a possibilidade de atribuir um plafond aos clientes avaliados com plafond zero?

Esta pergunta não deve ser dirigida à COSEC mas sim ao Governo. Foi entendido pelo Governo que a atribuição de plafonds garantidos pelo Estado, sem partilha de risco com as companhias de seguro, se apresentava nesta altura com um grau de risco muito elevado.

O Governo anunciou Garantia de Estado também para o mercado doméstico. No entanto, essas medidas ainda não foram implementadas. Para quando o alargamento ao mercado doméstico?

Na apresentação do Plano de Sustentabilidade foi referido o lançamento de uma Facilidade idêntica à já em vigor para cobrir transações comerciais a crédito no mercado doméstico. Ao contrário da que já está em vigor, esta nova Facilidade terá de ser notificada à Comissão Europeia de forma a que não seja configurada como auxílio do Estado. Julgamos que é esta a causa de algum atraso na assinatura do Protocolo para a Facilidade COVID 19 – Mercado Doméstico. De dia para dia, estamos a sentir uma pressão crescente por parte das empresas para disporem deste instrumento o mais rapidamente possível.

Esperamos que o Ministério das Finanças esteja em condições de poder assinar com as companhias de seguro os Protocolos com vista ao alargamento dos seguros de crédito com garantia do Estado às transações no mercado doméstico, até ao final do mês.


Como deve ser interpretada a decisão da COSEC de adiamento da distribuição de dividendos?

Tendo presente as recomendações da EIOPA (Autoridade de Regulação Europeia para o Sector dos Seguros e Fundos de Pensões), assim como da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) no sentido de não se realizar a distribuição de dividendos do exercício de 2019, os acionistas da COSEC decidiram adiar a sua decisão de distribuição dos dividendos do exercício transato até ao final do 1º semestre de 2021.

 A COSEC do ponto de vista de solvência continua a apresentar um rácio muito acima dos mínimos exigidos (263% em 30.09.2019) e uma situação de liquidez muito forte.

O setor do calçado é altamente exportador e os seguros de crédito são fundamentais para a retoma da atividade. Como pensa a COSEC reforçar o apoio às empresas?

A COSEC continua a sua missão de apoiar as empresas na sua atividade comercial no mercado doméstico e nos mercados internacionais, cobrindo o risco de crédito das vendas a prazo das empresas. Espero que os sinais de retoma em Portugal e na Europa surjam o mais rapidamente possível, mas a verdade é que as previsões que têm vindo a ser divulgadas apresentam cenários bastante negativos.

Todos os indicadores referentes à sinistralidade resultante deste enquadramento macroeconómico apresentam-se consequentemente mais agravados.

Enquanto pairar “esta nuvem negra” no horizonte, a curto prazo será difícil a retoma de atividade para as companhias de seguro de créditos em setores como é o caso do calçado.

No entanto, a indústria portuguesa de calçado ao longo da sua história recente soube-se reinventar e esperamos que a curto prazo tal venha a acontecer de novo, adequando-se às exigências dos novos tempos pós Covid. E cá estará a COSEC, assim esperamos, a acompanhar mais esta nova fase da indústria do calçado.

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