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Estado da Indústria: Marcelo Santos

Estado da Indústria: Marcelo Santos

21 Nov, 2023

Marcelo Santos, Softwaves


Depois de um ano de 2022 de forte fulgor, todos os principais players de calçado enfrentam dificuldades no corrente ano, com quebras ao nível da produção e das exportações. No seu entendimento, a que se deve isso?
No meu entendimento, a diminuição do consumo deve-se a  quatro grandes factores. Desde logo, o aumento rápido e exponencial da inflação com consequente aumento das taxas de juro bancários. Colocou as famílias sob pressão financeira pois afetou grandemente o  custo dos bens de consumo essenciais, o crédito hipotecário e o crédito ao consumo.    
Depois, a crise energética amplamente divulgada pelos media criou um receio exacerbado nos consumidores, iniciando este ciclo de retração. Também as mudanças climáticas se têm revelado importantes. É evidente o desajustamento entre as estações e as campanhas no retalho.   Por fim, o aumento do nível de stock de calçado no retalho devido aos pontos anteriores.

Numa situação conjunturalmente complexa, de que forma podem as empresas contornar as dificuldades?
 Se a empresa tiver uma estratégia de marca, tem mais capacidade de desenvolver ações que lhe permita mitigar aquilo que me parece evidente, uma redução das encomendas colocadas por cada cliente. Aumentar o número de clientes através da diferenciação e/ou especialização, ajustar melhor o produto á expectativa do mercado, internacionalizar, desenvolver ações B2B e B2C.
Em suma, importa fazer a aquisição de novos clientes e comunicar bem com os mesmos nos seus vários níveis, sejam eles profissionais ou finais.

Quais são os principais argumentos competitivos que as empresas portuguesas podem esgrimir para superar a concorrência?
A relação preço/qualidade continua a ser uma grande vantagem competitiva de Portugal face a Espanha e Itália. A capacidade instalada em Portugal, o grau de especialização, a digitalização e automatização da nossa indústria, a proximidade geográfica entre fornecedores e os mercados consumidores permitem a agilização de todo o processo de desenvolvimento, produção e colocação do produto no mercado.
No entanto, penso que para Portugal, será cada vez mais difícil competir com base nas nossas características socioeconómicas e geográficas. Há eventualmente uma grande oportunidade de desenvolver e comunicar boas praticas de ESG ao nível do sector. Contudo, será mais aquilo que que cada empresa consiga fazer de diferente.

Os dados das grandes organizações internacionais apontam para uma recuperação económica, ainda que moderada, em 2024. Acredita que o próximo ano seja melhor para o calçado português?
Penso que será muito difícil recuperar já no próximo ano. Nada de substancial se vai alterar. A guerra na Europa vai manter-se. A Guerra entre Israel e Palestina traz muita incerteza à evolução económica mundial. O mundo e os mercados estão a fechar-se tornando ainda mais difícil a internacionalização das empresas.

Numa fase em que o Orçamento de Estado começa a ser negociado, no seu entendimento, que medidas extraordinárias deveriam ser tomadas para relançar a atividade económica em Portugal?
Considero que existem duas áreas relevantes. Importa acomodar de forma rápida e eficaz as flutuações exuberantes da procura através do modelo de layoff utilizado durante o período pandémico. Depois, promover o crescimento através de um plano mais robusto de internacionalização. É fundamental, maior apoio às empresas que procuram internacionalizar os seus produtos.

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