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Estado da Indústria: Salomé Almeida

Estado da Indústria: Salomé Almeida

27 Nov, 2023

Salomé Almeida, Take a Walk


Depois de um ano de 2022 de forte fulgor, todos os principais players de calçado enfrentam dificuldades no corrente ano, com quebras ao nível da produção e das exportações. No seu entendimento, a que se deve isso?
Efetivamente vivemos um contexto mundial marcado pela enorme contração dos mercados, motivada pela grande quebra do consumo. Não podemos esquecer que, no mundo globalizado atual, as crises acabam por ser transversais a todos os países e que as ocorrências de uns ecoam em todos os outros. Após a crise pandémica e o incremento comercial subsequente, a humanidade voltou a ser testada por uma panóplia de fatores que continuam a causar uma grande incerteza nos mercados. Desde a guerra na Ucrânia ao conflito Israelo-Palestiniano, as economias têm vindo a sentir dificuldades no controlo da inflação, na adequação das taxas de juro, na estabilização dos preços dos combustíveis e na manutenção das cadeias de abastecimento económico.

Todos estes fatores são explicativos da quebra registada nas exportações de calçado pois, a meu ver, os consumidores viram-se privados de capacidade financeira e mudaram os valores de consumo, provocando uma diminuição em grande escala do consumo de calçado e provocando uma forte retração das encomendas.

Numa situação conjunturalmente complexa, de que forma podem as empresas contornar as dificuldades?
Todas as Empresas são diferentes. As soluções para umas poderão não ser as soluções para outras.
Penso que ao nível do cluster do calçado, deverão ser articuladas medidas conjuntas com as associações representativas e com as entidades governamentais competentes por forma a criar apoios às Empresas.
Será também o momento para cada empresa, individualmente, repensar o seu negócio, a sua estrutura e o caminho a seguir. Hoje, mais do que nunca, as empresas têm de ser pensadas e geridas de dentro para fora, no sentido de atingirem um equilíbrio produtivo, comercial e financeiro.
 
Quais são os principais argumentos competitivos que as empresas portuguesas podem esgrimir para superar a concorrência?
É de conhecimento público que há novos focos concorrenciais externos, mesmo dentro do espaço europeu, que estão em ascensão mas, falar em calçado “Made in Portugal” é falar em qualidade. Com a diminuição expectável das quantidades das encomendas, principalmente dos clientes internacionais, penso que o caminho a seguir é o da aposta na qualidade e na diferenciação do produto.

Os dados das grandes organizações internacionais apontam para uma recuperação económica, ainda que moderada, em 2024. Acredita que o próximo ano seja melhor para o calçado português?
No enquadramento mundial em que vivemos, é muito difícil fazer conjeturas. Apesar de todas as contingências e adversidades, sou obrigada a acreditar e a ter esperança que a recuperação económica esteja para breve e que o calçado português volte a respirar os ares da ascensão e do sucesso.

Numa fase em que o Orçamento de Estado começa a ser negociado, no seu entendimento, que medidas extraordinárias deveriam ser tomadas para relançar a atividade económica em Portugal?

Independentemente do ano ou orçamento que esteja para aprovação, penso que as indústrias do têxtil e do calçado devem sempre ser protegidas, tanto pelos factos históricos como pela importância nacional ao nível económico e da criação de empregos. Qualquer orçamento que não contemple e proteja estes setores, não passa de um mau orçamento.

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