Gonçalo Marques e Miguel Lopes, Shoevenir
Como é que nasceu este projeto?
A ideia surge através de um brainstorming entre nós, após refletirmos sobre a palavra “shoevenir”. Durante mais de ano e meio fomos aprender mais sobre a indústria de calçado e sobre como desenvolver o conceito. Juntamos pessoas que acrescentaram o conhecimento e recursos que faltavam e fomos avançando com protótipos e experiências. O programa Startup-Voucher ajudou-nos muito, nomeadamente com instrumentos financeiros que permitiram chegar ao nível seguinte.
O setor do calçado foi uma escolha natural?
Tendo em conta que toda a ideia começou a ser desenvolvida a partir da palavra “shoevenir”, foi uma escolha natural. Ambos somos apaixonados por sneakers e isso ajudou no processo de desenvolvimento. À medida que o tempo foi passando fomos percebendo a profundidade que o conceito tinha e deixou de estar só relacionado com o calçado. Juntamos à equação uma série de propostas de valor que nos caracterizam.
Quais são os maiores desafios?
Estávamos a par dos altos padrões de qualidade associados à produção de calçado português. Porém, como não tínhamos nenhum tipo de conhecimento nem contacto com a indústria do calçado foi difícil chegar até aos parceiros certos. Fizemos várias visitas a S. João da Madeira, Felgueiras e Guimarães para conhecer as fábricas e a realidade que nos esperava. Ouvimos dezenas de “nãos”, mas bastou um “sim” para levarmos o desenvolvimento da Shoevenir para outro patamar. O facto de termos começado em plena pandemia também representou um grande desafio, obviamente. O nosso conceito está muito relacionado com as viagens e durante muito tempo as pessoas tiveram impossibilitadas de o fazer, o que dificultou a nossa capacidade de validar o produto junto dos turistas.
De que forma é que a Shoevenir se distingue no mercado?
Trazemos aos consumidores um sneaker com significado emocional. Algo que mistura arte, design e sustentabilidade para contar uma história. Sabíamos que se colocássemos um sneaker no mercado teria de apresentar muita diferenciação e é exatamente para isso que trabalhamos. Queremos que se deixe de comprar calçado apenas pelo logótipo – existem muitas outras coisas que devemos ter em conta.
Quais são os planos para o futuro da marca? O que podemos esperar?
Agora que abrimos a porta a um universo de lugares e memórias, vamos escalar o conceito para outros mercados. Podemos facilmente criar uma Shoevenir Barcelona, uma Shoevenir Londres ou uma Shoevenir Rock in Rio. Temos recebido várias mensagens a sugerir novos modelos com propostas muito interessantes que vamos certamente considerar.
Que conselho dariam a um jovem que está a começar na indústria?
Diríamos para tentarem adquirir o máximo de conhecimento possível sobre a indústria junto de fábricas e/ou pessoas do meio. É muito importante terem noção dos valores associados à produção para construírem um business plan sólido. Também acreditamos que é importante juntar referências de marcas que gostam para ter uma espécie de guia de desenvolvimento. Por último, e o que acreditamos que seja mais importante, criem um produto que seja sobre o mercado e não sobre vocês. Criem algo que sintam que é necessário e não só mais uma marca.