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Geração 4.0: Ricardo Pinto, Combocal

Geração 4.0: Ricardo Pinto, Combocal

28 Mar, 2023

Ricardo Pinto, Combocal


É mestre em Engenharia de Polímeros pela Universidade do Minho. Após o mestrado, frequentou o curso intensivo de gestão na Católica Porto Business School. Ricardo Pinto trabalha há 3 anos na empresa de família Combocal.

Trabalhar na empresa foi uma escolha prioritária?
Sim. Posso dizer que estou “ligado” à Combocal desde que nasci, visto que o meu pai, José Cunha, foi um dos fundadores da empresa em 1985 e é o atual proprietário. Por isso, cresci com bastante proximidade a este ambiente industrial.  Após ter concluído o ensino secundário percebi que a minha escolha de área académica teria de passar pela indústria dos polímeros e das borrachas, por ser para mim uma área de grande interesse.
A par disso, sinto que a minha escolha profissional foi também influenciada pelo facto de o meu pai ser uma inspiração para mim, e ao longo destes anos ver toda a sua dedicação e conhecimento na indústria das borrachas, o que me motivou desde cedo a querer seguir o seu legado.

A sua tese de mestrado já tinha como objetivo investigar algo dentro deste setor. Fala-me um pouco sobre isso…
Sim. Já tinha como objetivo investigar um tema dentro do setor das solas, e por isso centrei a minha dissertação na criação de Biocompósitos de borracha para o fabrico de solas mais sustentáveis. Reduzir o impacto ambiental de um sapato no seu fim de vida e também valorizar os resíduos naturais de exploração foram fatores preponderantes para a escolha do tema.  

Assim, um dos principais desafios, incidiu em testar a percentagem máxima de incorporação de biomassa de exploração sem comprometer as propriedades mecânicas e químicas ideais dos produtos. Uma sola durável é também um produto sustentável.

Fruto desta investigação, surgiram algumas inovações, tais como as solas de borracha natural com fibras de bananeira (bananatreefiber_Rubber), solas com incorporação com cascas de café provenientes da torrefação do café (Coffeehusk_Rubber), entre outros produtos que serão lançados no mercado num futuro próximo.

O que mais o fascina no setor dos componentes?
O que mais me fascina no setor é a persistência e flexibilidade das pessoas. Mudam-se os tempos, mudam-se as tendências, há a necessidade de mudar estratégias de negócio, e a forma como as empresas se adaptam é excecional, desde as pessoas do setor produtivo às chefias de topo.

As empresas reorganizam-se, modernizam-se e automatizam-se cada vez mais, podendo assim obter produtos de maior inovação e qualidade, assumindo cada vez mais uma notoriedade internacional de topo no que diz respeito ao fabrico de calçado e componentes. Isto é algo que me fascina.

De que forma a a Combocal tem trabalhado a questão da sustentabilidade?
Atualmente as empresas têm o dever de garantir que os seus mecanismos de produção assegurem o menor impacto ambiental para o nosso planeta. Este é um dos pilares assentes na Combocal e uma das razões da nossa aposta na sustentabilidade. Nos últimos anos, temos vindo a criar cada vez mais produtos sustentáveis, tais como os biocompósitos de borracha já mencionados, e o mais recente lançado na última edição da Lineapelle em Milão, o nosso produto “Latex_rubber”. Este é um produto biobased com uma constituição polimérica de 100% de borracha natural.

Relativamente a certificações ambientais, a empresa obteve recentemente a certificação do seu Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISO 14001, com o intuito de validar as boas práticas da empresa para com o meio ambiente. Em 2022, a Combocal implementou ainda na sua organização a norma Recycled Claim Standard (RCS) que permite garantir o uso de materiais reciclados nos produtos. Com isto, garantimos aos clientes a existência de material reciclado no produto final, uma vez que este é um dos requisitos normativos, bem como, um controlo minucioso em todo o processo produtivo, desde a origem das matérias-primas, a sua segregação, processamento até à expedição.

O que é que acha que esta nova geração que está a entrar para o setor tem para oferecer?
A nova geração nasceu e cresceu em plena revolução tecnológica.  A par disso, é uma geração com mais formação académica. Acredito que será bastante enriquecedor para a indústria do calçado e componentes a entrada deste “sangue novo”. No entanto, é necessário também aliar a este conhecimento teórico e académico, todo o conhecimento prático e Know-how adquirido ao longo dos anos pelas pessoas que trabalham diariamente na indústria. Acredito que a junção das valências das diferentes gerações, podem potenciar um efeito sinérgico, despoletando ainda mais sucesso para o setor.

Que conselho daria a um jovem que está a começar?
O conselho que eu daria a um jovem que está a começar seria, numa primeira fase, dedicar-se ao conhecimento do produto em si e dos diferentes setores e processos associados ao mesmo. Acredito que a questão-chave se centra no conhecimento aprofundado do produto, e só depois, dedicar-se ao conhecimento das restantes envolventes do negócio, nomeadamente a gestão da empresa.

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