Conheça Osvaldo Mesquita
Trabalhar na indústria de calçado foi uma escolha natural?
Desde tenra idade que senti a pulsão de dar forma e cor a objetos. Quando era criança, inventava umas “obras arquitetónicas” com as sobras dos tacos de soalho de madeira, que abundavam pelo armazém familiar de materiais de construção, dando asas à criatividade. Facto é, que sempre soube que o meu percurso profissional passaria, inevitavelmente, pelo design. Mais tarde, uma conversa fortuita com uma pessoa ligada à área, despertou em mim a vontade espontânea de conhecer o mundo do calçado nas suas múltiplas facetas, sendo certo que fiquei entusiasmado com a infinidade criativa que se pode ali aplicar. Para além do mais, a vivência que me tem sido proporcionada junto dos profissionais do ramo, designadamente a paixão e o profissionalismo dos artesãos e demais colaboradores, são contagiantes e levam a que a viagem por esta indústria acabe por ser um rumo natural.
Como definiria a sua marca e como se distingue no mercado?
A marca é uma celebração do encontro da arte com a individualidade. Não há dois pares de sapatos iguais. Procuramos os melhores e mais exclusivos materiais, versando o conforto e a qualidade, aliados a uma paleta multicolor, arrojada e eclética, que se distingue pela ousadia das cores e padrões, votada a mulheres e homens únicos que sabem o que querem.
Quais têm sido os maiores desafios até agora?
Se considerarmos o estado do mundo atual, designadamente o pós pandemia, as guerras e as crises sucessivas, temos o primeiro e maior desafio. Ademais, a busca incessante por fornecedores que aceitem trabalhar com quantidades reduzidas é um outro desafio, que consome tempo e recursos. Existe uma política de industrialização massiva que privilegia as grandes quantidades ao invés de investir nas marcas emergentes e em coleções mais exclusivas. Na verdade, este fator obstaculiza de modo elevado o surgimento de mais coleções, onerando de forma indelével o que por natureza já é custoso. Paralelamente, é necessário um grande investimento para chegar ao público alvo, face à concorrência feroz das grandes marcas estabelecidas no mercado.
Que conselho daria a um jovem que está a começar na indústria?
Mantenha o foco, a persistência, o sonho e, sobretudo não desista. Esta indústria traz grandes preocupações, canseiras e trabalhos, contudo, também nos reserva grandes alegrias. Nada melhor do que encontrar alguém, por acaso, a usar uma peça desenhada por nós.