Governo sugere constituição de consórcios entre setores têxtil, vestuário, calçado e resina natural.
"São setores com uma fortíssima representação na economia portuguesa que envolvem territórios com algum significado, particularmente a resina", disse à agência Lusa o ministro do Ambiente e Ação Climática, assinalando que apesar de o têxtil e o calçado terem "progredido muito nos últimos anos, como setores industriais são ainda hoje provocadores da degradação dos recursos.
O apelo para a constituição de consórcios para encontrar novos materiais e processos de fabrico inclui-se na estratégia de bioeconomia que é um dos objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência europeu, em que se preveem 71 milhões de euros para o têxtil/vestuário, 41 milhões para o calçado e 17,5 milhões para a resina natura.
Os consórcios, cujas propostas começarão a ser analisadas a partir de agosto, devem incluir empresas, centros de investigação, universidades, organizações não governamentais, todos envolvidos na procura de mecanismos para ciclos de produção menos destruidores para o ambiente.
"A nossa expectativa é termos aqui, não só as entidades de inovação e investigação, mas também as indústrias. A diferença entre os 129 milhões que estamos a pôr em aviso e os 200 milhões de investimento que acreditamos ser capazes de gerar é uma componente mais ligada à produção do que à investigação e inovação", afirmou João Pedro Matos Fernandes.
Ao nível dos materiais, indicou a utilização de fibras celulósicas como alternativa aos plásticos no vestuário, os biocouros no calçado e a utilização de resina para fabricar tintas e vernizes como alternativas a explorar.
"É importante fazer esta aposta. Acreditamos profundamente que a Europa tem que se reindustrializar e a pandemia provou a necessidade de ter cadeias [de abastecimento] curtas aproveitando os recursos que temos", destacou.
Os consórcios que se candidatem a estes fundos deverão apresentar projetos de investigação, desenvolvimento e inovação desde a investigação até à colocação no mercado, desenvolver bases de dados, fazer formação e promover os produtos nos mercados externos, entre outras vertentes.