Imunidade de grupo: o que esperar
As opiniões dividem-se. Na Europa, o comissário do mercado interno acredita que a imunidade de grupo será atingida já em julho. Por terras lusas, a esperança parece só chegar no fim do verão. O Ministro dos negócios Estrangeiros defende que a meta estabelecida é “vacinar 70% da população portuguesa até ao final do verão”. E, continua Augusto Santos Santos, “é um resultado para o qual nós todos queremos trabalhar e que nos parece exequível, não nos parece irrealista”.
Por outro lado, Thierry Breton, comissário com a pasta do Mercado Interno, acredita que a União Europeia tem os meios para alcançar a imunidade de grupo já em julho. O comissário associou a data simbólica da Tomada da Bastilha (14 de julho) ao objetivo de ter 70% da população europeia vacinada. "Em relação ao desejo expresso pelo comissário francês, ele é facilmente compreensível: é um comissário de nacionalidade francesa e é natural que use como data simbólica a data da tomada da Bastilha", diz Augusto Santos Silva.
No entanto, todos estes dados são meramente especulativos, uma vez que nem Comissão Europeia, nem o governo português avançaram com datas. Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, Augusto Santos Silva foi questionado sobre se Portugal poderia antecipar a meta de vacinação. No entanto, o responsável pelos negócios estrangeiros teme novas falhas nas entregas e defende que a meta está estabelecida e não pode, nem deve, ser alterada. "Um Governo não deve estar sempre a alterar os seus objetivos e portanto o objetivo do governo português, definido e comunicado pelo primeiro-ministro é de chegar durante o verão, o que quer dizer até ao fim do verão, ao ter vacinado os 70% da sua população adulta", diz o ministro.
O virologista Pedro Simas, em entrevista à Renascença defende que a data de julho é viável, mas que o objetivo de Portugal deverá ser "a vacinação dos mais idosos e não adulterar o que foi estabelecido no plano de vacinação quanto aos grupos prioritários".
“O grande objetivo dos países europeus e de Portugal deve ser a vacinação dos grupos de risco. São cerca de 1,8 milhões de pessoas em Portugal. É nos mais de 70 anos que ocorre 90% da mortalidade e, portanto, quanto mais depressa tivermos essa imunidade, não contra a disseminação da infeção mas contra a proteção da vida humana, isso é que é importante”, defende Simas na Renascença.