Incerteza parece ser a palavra de ordem. Pelo menos é o que diz o Boletim Económico do Banco Central Europeu. Os economistas Arne Gieseck e Svetlana Rujin concluíram que o aumento da incerteza contribuiu significativamente para a quebra do PIB real da zona euro no primeiro semestre de 2020, podendo ter sido responsável pela redução da atividade económica.

No artigo “The impact of the recent spike in uncertainty on economic activity in the euro area”, os economistas antecipam que este aumento da incerteza deverá continuar nos próximos meses. As consequências? O abrandamento do crescimento da economia da zona euro nos próximos trimestres. “As medidas de incerteza observadas continuaram em níveis altamente elevados em julho e agosto de 2020, e provavelmente continuarão elevados no curto prazo, pelo menos até que uma solução médica eficaz para a pandemia da Covid-19 seja encontrada”, dizem os economistas.

Através de um modelo de projeção sobre a resposta do crescimento do PIB real a um choque de incerteza macroeconómico, os economistas estimam ainda que estes choques de incerteza irão condicionar o crescimento da economia até quatro trimestres.

“Tudo isto implica que, embora se espere uma recuperação da atividade económica nos próximos trimestres, a incerteza pode continuar a atenuar a velocidade e o momentum da recuperação no curto prazo. Caso o aumento da incerteza persista durante um período mais longo, também pode implicar um impacto adverso para o potencial de crescimento de longo prazo”.