Quebra dos principais indicadores da indústria italiana de calçado
De acordo com Confindustria, o momento atual é de preocupação. Estima-se que o volume de negócios do setor, segundo projeções anuais, diminua 9,3%, para 13,2 mil milhões de euros (quase 1,4 mil milhões a menos do que no ano anterior), com impacto direto na diminuição do número de empresas e de postos de trabalho.
“No terceiro trimestre de 2024, não houve qualquer recuperação na situação económica do setor,” adiantou Giovanna Ceolini, presidente da Associação Italiana de Fabricantes de Calçado. “Pelo contrário, mais de 60% das empresas encerraram o trimestre com uma faturação inferior aos níveis alcançados no mesmo período de 2023, com reduções superiores a 20% numa em cada cinco empresas. Os dados acumulados nos primeiros nove meses confirmam as dificuldades registadas nos meses anteriores”.
Para a presidente da Associação Italiana de Calçado “o desempenho moderado das principais economias internacionais, na Europa e fora da UE, aliado a um contexto geopolítico profundamente desfavorável, que incluiu, além do conflito Rússia-Ucrânia, um novo foco de instabilidade no Médio Oriente, penalizou severamente as exportações de calçado em 2024”.
Recorda Giovanna Ceolini que, “se na União Europeia as vendas apresentaram quedas moderadas (recuo de 2,6% em valor no geral, com quebras de 2% em França e 6,2% na Alemanha), nos mercados fora da UE, a queda foi mais acentuada, de 15,3%. Os resultados também foram influenciados pela desaceleração sofrida no segmento de luxo, cujo crescimento havia sustentado a dinâmica do setor nos últimos anos”.
Numa análise detalhada, a Confundustria revela uma tendência desfavorável em todos os segmentos de produtos, com exceção para o calçado em borracha, cujas exportações cresceram 8,2% em volume e 1,3% em valor. Já o calçado em couro – o mais relevante para a italiana, sendo responsável por 65% das vendas externas em valor – recuou -7,1% em quantidade e -8,2% em valor.
Em resultado de uma fraca dinâmica na atividade exportadora, o número de empresas recuou 4%, (144 empresas fecharam portas) e foram suprimidos 2619 postos de trabalho (emprego recuou 3,6%). Nos primeiros nove meses do ano, as empresas italianas recorreram a 26 milhões de horas de layoff (+139,4% face aos 10,9 milhões de horas de janeiro a setembro de 2023), o equivalente a mais de 4,5 vezes as concedidas no mesmo período pré-Covid de 2019.