Portugal esteve representado com 30 empresas
Bem-vindo ao mundo mágico dos componentes. Entrar na Lineapelle é aceder ao universo das soluções das matérias-primas e dos componentes de todo o mundo. Durante três dias, centenas de empresários trabalham à frente da linha do tempo para garantir inovações para as próximas coleções de
calçado e marroquinaria.
Na edição de setembro, pelos corredores da Lineapelle, passaram 23.800 profissionais da indústria, com destaque para os 17.573 compradores (57% italianos, 43% internacionais, representando 112 países). A comitiva portuguesa na feira contou com 30 empresas que mostraram o melhor do made in Portugal. Com a sustentabilidade e as alterações climáticas como imperativos mundiais, a indústria do calçado pede soluções criativas, onde tudo pode ser transformado e onde as inovações são transversais em cada detalhe.
“Temos sentido uma maior a procura por processos cada vez mais eficientes e cada vez mais ecológicos - e aqui faço uma ligação às universidades – procurar processos produtivos mais sustentáveis, mais eficazes, com novas soluções”, explica Rodolfo Andrade. O responsável da Multicouro defende que “a indústria do couro tem conseguido dar saltos muito interessantes”.
No universo dos componentes, a Combocal apresentou solas produzidas com borracha natural e com fibras de bananeira. “A par da borracha, outros
constituintes, aditivos e cargas de força têm origem natural, por exemplo a sílica é proveniente de cascas de arroz”, explica Ricardo Pinto. “Outro material que tem tido muito sucesso nesta feira são os materiais com tonalidades translúcidas, o ice rubber, que já estamos já a comercializar. A par destes materiais, temos materiais com fibras de bananeira, por exemplo”, diz o responsável comercial da empresa de componentes As alterações climáticas e a sustentabilidade são imperativas mundiais e pedem soluções criativas.
Nesta indústria tudo pode ser transformado, incluindo pneus de carros em solas. “O pneu quando é produzido tem um excedente de fibras – o poliéster cord. Para dar uma nova vida a este resíduo, decidimos misturar com um composto de borracha e obtivemos um conceito de sola bastante diferente”, explica Ricardo Pinto. De Portugal vieram soluções que cruzam o saber das universidades e a união de esforços de várias empresas nacionais, fruto do trabalho desenvolvido do projeto BioShoes4All. É o caso da Atlanta, que apresentou solas inspiradas na anatomia dos animais.
“Adaptar inspirações da natureza a soluções para solas. Temos solas inspiradas na rémora, no polvo, na cabra-montês. Cientistas adaptaram a sola para ter mais conforto, maior dissipação de energia, tendo como inspiração o que encontramos na natureza”, refere João Carvalho da Atlanta. A natureza serve, assim, de inspiração para criar materiais alinhados com a sustentabilidade e com a pegada ecológica que cada marca portuguesa quer deixar no mundo.“Agora damos um contributo ímpar para a sustentabilidade e para a circularidade”, explica Maria José Ferreira. A coordenadora do BioShoes4All
explica que “o projeto está a apostar em tecnologias inovadoras à escala nacional e europeia que nos permitem, por exemplo, fazer calçado e componentes ultraleves em material termoplástico. Até à data, este tipo de materiais muito leves não eram termoplásticos, não são recicláveis”, concluiu.