Marcas de luxo estão a vender mais do que em 2020 e em 2019
Começam agora a ser conhecidos os resultados financeiros dos grandes grupos internacionais relativos ao primeiro trimestre de 2021 e os dados não deixam margens para dúvidas: a indústria do luxo está a vender mais do que nos anos anteriores.
Uma análise fria poderia levar a concluir que a indústria de luxo está, literalmente, em contraciclo. Mas os dados podem não significar uma continuidade do crescimento. A verdade é que os primeiros meses de 2021 mostram um crescimento face a 2020 e até a 2019. Os números podem ser explicados pelo aumento de preços em alguns produtos, pelo aumento da compra de alguns segmentos e pela euforia de compra pós-confinamento.
Um dos dados em destaque em todos os grupos é o crescimento das vendas na Ásia-Pacífico, nomeadamente na China, Coreia do Sul, Tailândia e Singapura)) e nos Estados Unidos (a um ritmo menos forte). A Europa continua a registar quedas de faturação.
Grupo LVMH
LVMH é o maior grupo do setor e um importante barómetro para apalpar o pulso ao setor. O grupo registou receitas consolidadas de €13,959 mil milhões nos primeiros três meses de 2021, mais 32% do que no mesmo período no ano anterior e mais 8% em 2019. Os produtos que maior crescimento registaram foram os relógios e as joias, com um crescimento de 138%, em parte justificado devido à integração do negócio da Tiffany&Co
Em comunicado, o grupo destacou o bom desempenho das coleções de outras marcas de joias como a Serpenti Viper da Bvlgari, a Joséphine da Chaumet e a Pretty Woman da Fred. Por outro lado, a divisão que representa a maior fatia das vendas do grupo – Moda e Artigos em Pele – foi uma das que mais cresceu (45%), sendo a marca Louis Vuitton a maior responsável por este desempenho.
Mas os crescimentos não ficam por aqui. No grupo LVMH, os vinhos e as bebidas espirituosas também registaram valores positivos, com um crescimento de 29%, em particular com as vendas de champanhe nos Estados Unidos e na Europa. Dom Pérignon, Veuve Clicquot, Moet&Chandon e Ruinart, por exemplo, são algumas das insígnias de referência do LVMH, às quais soma, desde fevereiro deste ano, a Armand de Brignac.
Em queda (-11%) está o retalho seletivo, onde se encontram as cadeias Sephora, Le Bon Marché e Duty Free Stores. Em causa esta o encerramentos do retalho físico na maior parte da Europa, bem como as restrições de viagens, que afetaram as lojas Duty Free nos aeroportos.
Grupo Kering
Gucci, Bottega Veneta, Alexandre McQueen são algumas das marcas que fazem parte do universo Kering que apresentou resultados financeiros positivos no primeiro trimestre. Ao contrário do que acontece no grupo LVMH, este grupo está dividido em marcas e não em segmentos.
Destaque para a recuperação da Gucci nos primeiros três meses do ano (20,2%), uma vez que o ano anterior tinha sido de queda. Segundo avança o jornal Expresso, a marca italiana, que é responsável por dois terços das receitas do grupo, regista a maior subida na Ásia Pacífico (78%) e na América do Norte (51%).
Nestas áreas geográficas destaque para o crescimento da Yves Saint Laurent e da Bottega Veneta, que no primeiro trimestre aumentaram as vendas em 18,9% e 19,9%.
As restantes marcas cresceram 29,1%, com destaque para a Alexandre McQueen e para Balenciaga. No total, o grupo Kering registou um aumento de vendas superior ao do seu arquirrival (21,4%), totalizando receitas consolidadas de €3,890 mil milhões em janeiro, fevereiro e março (face aos €13,959 mil milhões do LVMH) e a vender mais 5,5% do que em 2019.
No grupo, o maior crescimento registado foi na Hermès (38%), com vendas de €2,083 mil milhões.