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Memorial. Francisco Leite Pereira

Memorial. Francisco Leite Pereira

8 Fev, 2023

Das palavras de David Mourão Ferreira fica-nos uma exortação do quão extraordinária é a vida e a "maravilha que é estarmos vivos”.
Existe uma maravilha em estarmos vivos que, invariavelmente, esquecemos no contraponto do relógio ou na chamada ‘espuma dos dias’. E se há algo que podemos afirmar sobre Leite Pereira é que viveu nesse encantamento, seja nos livros que leu, nas flores que cuidava no jardim, na coleção de azulejos ou no encanto que tinha pela cidade de Florença.

Começamos este memorial com as palavras de um autor como forma de simbolicamente homenagear um Homem que passou a vida a apreciar as palavras de outros feitas prosa. Provavelmente outro pormenor sobre a vida de Francisco Leite Pereira que nos escapou. Era um amante de livros, companheiros de muitas horas e que o acompanharam – literalmente até ao fim.

Mas existem outras memórias sobre este ser humano, que nos deixou a 4 de fevereiro de 2023, que não ficam suspensos no ar. Leite Pereira dedicou toda a sua vida a organizar, preparar e cuidar de viagens para os outros. A garantir que tudo estava bem e que nada falhava. Uma grande parte desses destinos foram para feiras de calçado em todo o mundo, razão pela qual podemos afirmar que dedicou uma grande parte da sua vida à indústria de calçado.

E se o trabalho não tem de ser um traço característico da nossa personalidade enquanto humanos, em alguns casos a nossa personalidade ou a nossa dedicação podem mesmo transformar a forma como fazemos esse trabalho e em como tocamos as pessoas com quem nos cruzamos. Esta é outra lição que aprendemos com Leite Pereira.

Mas ficam muitas mais memórias. Certamente cada um de nós tem e terá uma história especial para contar, invariavelmente com boa disposição. Aprendemos a importância de um bom telefonema, do carinho constante, da organização cuidada e planeada. Sabíamos que estaria em cada recepção no aeroporto, a qualquer hora da manhã, com uma disposição particular. Mais importante, sabíamos que estaria para nós, em qualquer momento.
A APICCAPS e toda a indústria portuguesa de calçado estar-lhe-ão eternamente gratos por décadas de dedicação e carinho.

Por: Cláudia Pinto

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