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Nuno Mangas, Presidente do COMPETE2030

Nuno Mangas, Presidente do COMPETE2030

5 Mar, 2024

“Temos um desafio enorme de acrescentar valor”


Nuno Mangas, Presidente do COMPETE2030, visitou a comitiva nacional na maior feira de calçado do mundo, e conheceu in loco os desafios do setor. Crescer na cadeira de valor, consolidar a presença  nos mercados, chegar a novos clientes e sustentabilidade foram alguns dos temas que se escutaram nos corredores da MICAM.

Foi a sua primeira visita à MICAM. Quais foram as impressões com que ficou depois desta visita às empresas portuguesas?
Talvez a primeira impressão, e aquela mais significativa, é que efetivamente temos um setor do calçado muito pujante, muito diversificado, e, também, muito complementar – porque encontramos aqui empresas com ofertas bastante diversificadas, muito orientadas para um mercado, em alguns casos, mais jovem, que tem preocupações na área ambiental e preocupações com os materiais.

Portanto, diria que foi uma surpresa - não foi uma surpresa total porque no COMPETE acompanhamos de perto o setor do calçado e, por isso, sabíamos como trabalha. Mas é, naturalmente, diferente ver, é diferente sentir, e sobretudo, é diferente falar com as pessoas e perceber os desafios que os empresários têm tido e os desafios que estão a enfrentar e a vencer. Portanto, foi uma experiência muito positiva, foi a confirmação daquilo que já intuíamos muitas vezes daquilo que eram projetos, daquilo que eram candidaturas no âmbito do COMPETE e daquilo que eram também as visitas que fazemos muitas vezes às empresas em Portugal.

Na sua opinião, quais é que são os argumentos competitivos de Portugal e da indústria, não só de calçado, mas da indústria portuguesa como um todo?
Acho que é aliar, em particular nestes setores mais tradicionais, a capacidade de fazer bem, com cada vez mais design, cada vez mais criatividade, procurando perceber aquilo que são as necessidades, por um lado, e perceber aquilo que são os mercados e adaptar o produto a essas realidades.
Quando visitamos estes 35 stands, sensivelmente, percebemos isso exatamente isso. Quando falamos com um empresário e este diz-nos que está num determinado mercado e tem de ter um determinado posicionamento,  quando falamos com outro, às vezes a atuar num mercado mais jovem, com um tipo de produto diferente… é esta complementaridade e esta capacidade de se ajustarem para responder às necessidades específicas que eu acho que é uma mais-valia do calçado português.

E podemos transpor isso para outros setores, em particular para os tradicionais como os têxteis ou a fileira casa, em que conseguimos efetivamente transpor toda essa capacidade de fazer bem, mas fazer de forma moderna, de forma a responder àquilo que são hoje as necessidades dos mercados, sobretudo os mais exigentes, por exemplo, os mercados do Hemisfério Norte e também, nalguns casos, os mercados asiáticos. Mas acho que temos tido essa capacidade de fazer.

De que forma é que o programa COMPETE pode ajudar as empresas a aumentar a sua competitividade?
Acho que o faz de diferentes formas. Eu digo muitas vezes que o COMPETE só ajuda quando as empresas têm bons projetos, quando têm um pensamento estratégico e quando sabem o caminho que querem percorrer. Quando há bons projetos, boas candidaturas, eu acho que o COMPETE, enquanto entidade que gere os fundos comunitários, pode ser um excelente instrumento para apoiar as empresas nesse caminho de maior competitividade. Mas isso só se faz quando uma empresa tem uma boa estratégia, quando tem um bom produto, quando tem uma visão para aquilo que é o seu percurso.
Sabemos muitas vezes que os próprios mercados, a realidade muitas vezes ultrapassa aquilo que são os negócios, muitas vezes interpõe-se e, às vezes, fazem com que o percurso não seja linear, temos visto isso muito nos últimos anos.

Independentemente disso, quando há uma boa estratégia, quando uma empresa sabe aquilo que quer, o COMPETE, através dos fundos comunitários, nos apoios, quer à internacionalização, como é o caso da presença nesta feira em que estamos a apoiar - via APICCAPS - um conjunto muito vasto de empresas, quer quando apoiamos ao nível produtivo, com investimentos em chão de fábrica, em novos equipamentos, em automação, em robotização, em mais sofisticação, ou, por exemplo, quando falamos na qualificação dos trabalhadores. Sabemos, hoje, que novos equipamentos, novas formas de produzir, a utilização de novos materiais e as exigências que se colocam com a descarbonização e com a economia circular, tudo isso traz novas necessidades de qualificação e de formação dos trabalhadores. E, portanto, eu diria que o COMPETE tem aqui um conjunto de instrumentos que podem apoiar as empresas nas suas diferentes dimensões, que, no final, se complementam e acabam por contribuir para que a competitividade das empresas possa ser maior.

Eu acho que temos aqui um desafio enorme de acrescentar valor, acrescentar mais valor e conseguir sobretudo estar mais presente, num maior número de passos na cadeia de valor, ou seja, mais próximo do cliente final. Esse é um desafio, é um caminho que se constrói, e eu acho que as empresas portuguesas estão a fazê-lo e acho que hoje aqui foi possível constatar que há um conjunto de empresas que estão já a fazer isso com enorme sucesso.



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