As semanas de Moda internacionais são sempre momentos muito relevantes para a indústria da moda, seja pela concentração de players, seja para avaliar o estado do setor.  São, por excelência, momentos de marketing muito poderosos, fontes inesgotáveis de criatividade e balões de ensaio muito relevantes para perceber a que velocidade a indústria avança e que tendências devem ser tidas em conta.

Ainda que estes eventos estejam em profunda mutuação, fruto dos confinamentos recentes, nas últimas semanas, algumas das principais capitais europeias moda receberam as primeiras apresentações. Três grandes tendências saltaram à vista: alteração dos calendários de apresentação das coleções, aposta na cor, e discussão entre conforto e glamour. Parecem temas opostos, mas todos têm uma ligação em comum: o mundo pós-covid.

Vamos por partes. Em outubro, ficaremos a conhecer as propostas de verão 2022 para mulher, mas junho e julho foram momentos para conhecer as propostas para homem. No entanto, esta não é mais uma regra válida. Porquê? Com as alterações constantes às datas das Semanas de Moda, com os confinamentos a mudarem de país para país, muitas marcas optaram por apresentações vídeo, enquanto outras continuaram a preferir as tradicionais apresentações físicas. Esta indefinição de formatos e de datas levou muitas marcas a não respeitarem o calendário oficial e a apresentarem coleções que não estão vinculas à estação correspondente. Ou seja, nem todas as marcas apresentaram verão 2022.

Ainda que tentemos voltar rapidamente à normalidade, o mundo continua controlado pelos avanços e recuos da pandemia. Depois de meses de confinamento, as propostas das marcas são uma resposta aos últimos meses. Como? Através das cores. A cor é um dos elementos-chave das próximas estações, numa ode ao regresso dos dias felizes. Veja-se a coleção de alta-costura da Valentino para o próximo Inverno. Com Veneza como pano de fundo, a marca apresentou coordenados em cores fortes, como verde, rosa, amarelo e azul.

Por outro lado, as propostas femininas para o Inverno são mais glamourosas, representando uma vontade de regresso às festas, aos jantares e ao brilho da época pré-confinamento.

Seguindo esta linha de pensamento, e no que diz respeito ao setor do calçado, a discussão entre sapatilhas e saltos altos adensa-se. Ficamos fãs de sapatos rasos e confortáveis (que usamos durante os confinamentos) ou os sapatos de salto alto são sinónimo de liberdade? As mulheres vão voltar aos saltos ou prevalecem os ténis e o conforto? As marcas não foram coesas nesta resposta e apresentam as duas alternativas. A Versace, por exemplo, apresentou plataformas e saltos muito altos com plataforma, enquanto a Kenzo apresentou botas sem salto alto.

Destaque, ainda, para o lançamento dos novos ténis da Balenciaga em parceria com o cantor Justin Bieber. Uma parceira aparentemente pouco provável e que não foi anunciada pela marca.
Outro destaque, foi a apresentação da Off-White. A marca foi recentemente comprada pelo grupo Louis Vuitton. Responsável, em parte, pela colacação do sportswear no luxo, a marca tem apresentado coleções cada vez mais luxuosas deixando para trás o sportswear. Estará o setor do luxo a distanciar-se desta tipologia de produtos?