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O que é que a cortiça nos dá?

O que é que a cortiça nos dá?

2 Jun, 2023

O que diferencia a cortiça?


“A cortiça é um material leve, durável, reciclável tem propriedades de excelência: isolamento térmico e acústico, o que faz com que seja um material para utilizar em qualquer setor”. A consideração é de Ana Tavares, do painel de especialistas do programa Portuguese Soul.

De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais da Cortiça (APCOR), “a cortiça é a casca do sobreiro. É um tecido vegetal 100% natural e é constituída por uma colmeia de células microscópias que têm um gás idêntico ao ar e revestidas sobretudo por suberina e lenhina. Tem uma abrangência de aplicações e atributos que nenhuma tecnologia conseguiu, até hoje, imitar, igualar ou ultrapassar”.

É uma matéria-prima 100% natural, 100% reutilizável e 100% reciclável extraída dos sobreiros sem nunca prejudicar o normal desenvolvimento da espécie e sem danificar a árvore. A cortiça extraída é aproveitada a 100%. Mas depois de transformada, por exemplo em rolhas, a cortiça pode voltar a entrar no processo produtivo. As rolhas de cortiça podem ser recicladas por trituração. O granulado resultante desse processo pode ser utilizado em outros produtos como, por exemplo, solas de sapatos, painéis de revestimento, boias de pesca.

O QUE NOS DÁ A CORTIÇA?
Podemos afirmar que a cortiça é um super-material, ou não fossem as suas características intrínsecas prova disso: é um material superleve, impermeável, elástico, respirável, reciclável. A sua utilização transcende a produção de rolhas, onde Portugal é líder de mercado.

A cortiça possui qualidades únicas, inigualáveis e que até hoje nenhum engenho humano conseguiu imitar ou ultrapassar:

• Muito leve – pesa apenas 0,16 gramas por centímetro cúbico e é capaz de flutuar;

• Impermeável a líquidos e a gases – graças à suberina e aos ceróides presentes nas paredes das células, a cortiça é praticamente impermeável a líquidos e a gases. A sua resistência à humidade permite-lhe envelhecer sem se deteriorar (por exemplo, foram descobertos alguns vinhos debaixo do mar e a rolha continuava intacta);

• Elástica e compressível – pode ser comprimida até cerca de metade da sua largura sem perder qualquer flexibilidade e recupera a sua forma e volume assim que deixa de ser pressionada. É o único sólido que sendo comprimido de um lado, não aumenta de volume do outro; e dada a sua elasticidade é capaz de se adaptar, por exemplo, às variações de temperatura e pressão, sem sofrer variações;

• Um excelente isolante térmico e acústico – a cortiça tem uma baixa condutividade de calor, som e vibração. Isto acontece porque os elementos gasosos que contém estão fechados em pequenos compartimentos impermeáveis e isolados uns dos outros por um material resistente à humidade;

• Combustão lenta - a cortiça é também um retardador de fogo natural: não faz chama nem expele gases tóxicos durante a combustão;

• Muito resistente ao atrito - a cortiça é extraordinariamente resistente ao desgaste e tem um coeficiente de atrito elevado. Graças à sua estrutura em favo de mel é menos afetada pelo impacto ou atrito do que outras superfícies duras. Mas é, acima de tudo, um material 100% natural, reciclável, reutilizável e renovável. Atributos imprescindíveis numa sociedade que se deseja cada vez menos poluída e amiga do ambiente.

A CORTIÇA E O CALÇADO
A utilização da cortiça para calçado remonta a milhares de anos, pois existem dados históricos que indicam que os romanos usavam sandálias de cortiça dado o nível de conforto em contraste com outros materiais.

Atualmente, existem várias marcas de calçado que encontram neste material a simbiose perfeita para a criação de sapatos. É o caso d’ASPORTUGUESAS. Criada por Pedro Abrantes em 2014, a marca revolucionou o mercado ao tornar-se a primeira marca de flip-flops em cortiça. “ASPORTUGUESAS são um
novo conceito de calçado que nasceu com o propósito de criar sapatos de qualidade, sustentáveis e amigos do ambiente. Orgulhamo-nos de ser a primeira marca de chinelos de cortiça do mundo, utilizando uma matéria-prima 100% natural que nasce de uma árvore e é recuperada a cada nove anos sem que a árvore seja cortada. Somos inspirados pela natureza e, com nossa escolha exclusiva de materiais naturais e reciclados, estamos comprometidos em retribuir!”.

Recentemente lançada no mercado a New.ve também integra a cortiça em diversos modelos. Sacos e borras de café, bolas de ténis, maçãs, tencel, são alguns dos materiais que a empresa já incorpora nos seus produtos. “A marca apresenta materiais--chave, como o solado de borracha que, por ser um produto natural, pode incorporar novos ingredientes mais sustentáveis. Neste sentido, temos uma parceria com a SBR e incorporamos bolas de ténis em fim de vida, borra de café, casca de arroz, cortiça, solas recicladas, entre outros”, avança Jorge Fernandes.

“Em termos de corte, podemos incorporar casca de uva, casca de maçã, casca de cacto, cânhamo e materiais reciclados, como garrafas que são recolhidas do oceano. Mas os exemplos desta ligação secular não ficam por aqui: são dezenas as marcas de calçado que utilizam cortiça nos seus produtos, principalmente nos seus componentes. Existem, assim, empresas especializadas na produção de solas e palmilhas unicamente neste material. É o caso da Veja Industries, uma empresa da Trofa que se dedica há 25 anos à produção de palmilhas em cortiça. Também a 3DCork, em Santa Maria da Feira, dedica a sua atividade à produção de produtos em cortiça, com especial enfoque nos componentes para calçado.

SEGUNDA VIDA DAS ROLHAS
As rolhas de cortiça são um produto natural, reciclável e reutilizável. Para aproveitar e conservar este recurso tão valioso, uns números crescentes de países têm-se esforçado por levar a cabo iniciativas de reciclagem, de forma a consciencializar as populações locais para a riqueza deste material. Apesar da cortiça reciclada jamais ser reutilizada para produzir rolhas para vinhos, existem muitas outras aplicações alternativas possíveis. Por exemplo, quadros de afixação, marcadores, bases para copos, pavimentos, revestimento, componentes para a indústria automóvel, material de isolamento, entre muitos outros.

Em Portugal temos alguns projetos a destacar. Em 2008, arranca o projeto Green Cork desenvolvido pela Quercus em parceria com a Amorim e o Continente. As rolhas são recolhidas nos supermercados e centros comerciais, como o Dolce Vita, e levadas para serem tratadas e trituradas, transformadas em granulados, e voltam a ser matéria-prima para uma segunda vida. A ideia do Green Cork alargou-se a vários países como
Espanha, Estados Unidos da América, Canadá, França, Itália, Reino Unido, África do Sul e Austrália.

1783
É a data de plantação do maior e mais velho sobreiro do mundo: o Assobiador. O nome é inspirado nos sons das aves canoras que pousam na sua ramagem. Tem mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de perímetro do tronco.

15
15 voltas ao perímetro da Terra. É o número de rolhas de cortiça produzidas anualmente em todo o mundo.

1200
Em 2022, a indústria portuguesa de cortiça exportou 1200 milhões de euros. O objetivo é atingir, até ao final da década, 1500 milhões de euros.

118.000
É este o valor do whiskey mais caro do mundo: o Dalmore Trinitas 64. É selado com uma rolha produzida com cortiça portuguesa.

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